Com o tema “Religião não se impõe. Cidadania se respeita”, a 20ª Parada do Orgulho LGBTS (lésbicas gays, bissexuais, travestis, transexuais e simpatizantes) realizada neste domingo (25) em Brasília, defendeu a importância de um estado laico no país. Pesquisa feita no Distrito Federal pela Associação da Parada Orgulho LGBTS constatou que 48,4% dos entrevistados conhecia o conceito de estado laico, ou seja, o estado que tem uma posição neutra em relação a religiões.
“O estado laico deve ser para toda a sociedade. As religiões não devem interferir na cidadania das pessoas”, disse o coordenador da Associação, Michel Platini. Ele lembrou que, em outras épocas, outros grupos já foram vítimas de intolerância religiosa, como as mulheres e os negros. “Hoje, o foco somos nós, mas outros segmentos da sociedade já passaram por isso”.
Os participantes do evento comemoraram a regulamentação, na última sexta-feira (23), da lei distrital que pune discriminações por razões de orientação sexual. A cobrança pela regulamentação da lei foi tema da Parada LGBTS do ano passado.
Segundo Platini, a expectativa da parada neste ano é superar o público do ano passado, que chegou a 40 mil pessoas. A Polícia Militar ainda não tem um balanço do número de participantes.
Espaço de união e encontros
Talita Victor Silva e Brena Dourado Pimenta estão juntas há 11 anos, mas ainda não casaram. Elas pensam em oficializar a união com uma cerimônia, mas fora dos padrões tradicionais. "A gente acha que tem que celebrar, sim, a nossa união, até pela resistência familiar. A nossa família precisa saber que a gente é um casal e precisamos celebrar. Mas queremos fugir dos padrões, vai ser do nosso jeito”, disse Brena.
Para elas, a parada é um espaço de união e encontros e também para celebrar o orgulho gay. “É fundamental protestar com alegria, com diversão. Muita gente critica, porque diz que tem muita zoação, mas é o momento de as pessoas colocarem seu orgulho para fora. Tem muita gente que não é aceita em casa, muito adolescente que deve trocar de roupa para voltar para casa, mas aqui pode ser feliz”, ressaltou Talita.
É o caso dos estudantes Raveli e Felipe, de 18 e 19 anos. Eles dizem que os pais sabem que são gays, mas não aceitam. “Tem pais que não aceitam nada. Os meus pais não são dos piores, mas às vezes rola uns atritos”, diz Raveli. Para eles, a parada é importante para dar uma visibilidade maior para os gays de Brasília. “Querendo ou não, a gente é uma minoria. Mas estamos lutando pelos nossos direitos, e cada vez mais estamos conseguindo, as pessoas estão nos aceitando”, disse Felipe.
No levantamento da associação, feito com 372 moradores do Distrito Federal, foi constatado que 33,6% se opõem ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e 54,8% apoiam o projeto de lei que criminaliza a discriminação contra LGBT.
Mães pela diversidade
O grupo Mães pela Diversidade, que é um coletivo nacional de pais e mães que trabalham em favor dos direitos civis dos filhos e filhas LGBTs, também estava presente no evento, com uma barraca para acolher e dar informações aos pais. Mônica Monteiro, integrante do movimento, tem duas filhas lésbicas, e diz que a família é fundamental para a conquista de direitos iguais.
“Somos pais e mães que aceitaram, que acolheram seus filhos dentro do processo todo. Tem alguns pais que tiveram alguma dificuldade, mas ela está superada”, afirmou.
O Ministério da Saúde distribuiu 19 mil camisinhas masculinas e duas mil camisinhas femininas durante o evento.
Edição: Maria Claudia