Estudantes e professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL), localizada no norte do Paraná, realizaram um protesto na manhã desta sexta-feira (9) contra o bloqueio feito pelo governo estadual de R$ 6 milhões de recursos da instituição. A suspensão ocorreu no dia 30 de maio, sem comunicado prévio oficial do governo.
O “Cortejo #ForçaUEL” ocorreu dentro do campus e reuniu cerca de 600 estudantes, servidores e professores. Ao longo da semana, professores realizam palestra sobre o tema e estudantes de design de moda fizeram estampas com a hashtag #ForçaUEL, para serigrafar camisetas.
De acordo com o vice-reitor da UEL, Ludoviko Carnasciali, a maior parte do recurso bloqueado é da própria Universidade, oriundo, por exemplo, de inscrição de vestibular, serviços veterinários, aulas de educação física e da venda de refeições do Restaurante Universitário (RU).
Segundo o vice-reitor, a decisão impacta nos projetos de graduação, bolsas para indígenas e verbas de custeio em geral.
“Primeiro, o RU será afetado, porque trabalhamos com perecíveis e não temos estoques. Depois, as creches, tanto a do Hospital Universitário quanto a do campus. As aulas práticas de campo também serão prejudicadas, porque os motoristas do ônibus precisam de diária, alimentação e gasolina. Além de toda verba de custeio, desde o papel higiênico, giz, material de higienização de cozinhas, banheiros”, conclui.
Autonomia em risco
Paula Hatadani, professora da UEL e chefe do departamento de Design, avalia a suspensão da verba como uma decisão política do governador Beto Richa (PSDB), devido à reação conjunta das universidades contra a chamada Meta4: “Não tenho nenhuma dúvida de que se trata de retaliação política”.
O governo estadual quer migrar a gestão financeira das universidades estaduais para o sistema RH Meta4, que administra o serviço público no Paraná, levando à perda de autonomia das universidades. Desde a Constituição de 1988 a autonomia é garantida por Lei e reproduzida na legislação estadual.
“Ficamos muito desanimados, tenho a certeza de que se trata de um controle político porque, ao adotar o meta 4, todas as decisões serão tomadas em Curitiba e não mais em Londrina” ressaltou o vice-reitor.
O Conselho Universitário Unificado do Paraná – que reúne sete instituições estaduais, UEL, UEM, Unioeste, UEPG, UNESPAR, UENP e UNICENTRO - foi convocado e deliberou por não aderir ao sistema proposto pelo governo. O bloqueio dos recursos ocorreu poucos dias após a negativa do Conselho.
Estudantes mobilizados
Uma comissão de estudantes de comunicação pretende produzir um vídeo sobre o ato para ampliar a divulgação da situação da universidade.
Alunos de outros cursos também estão mobilizados, como relata a Lanah Stievano Consolini, estudante de Relações Públicas: “Os alunos de musica e artes cênicas fizeram uma comissão de agitação, com produção de vinheta para a rádio, gritos de guerra e intervenções. O pessoal do design gráfico e artes visuais está produzindo faixas, banners e materiais desse tipo. Já os estudantes de pedagogia estão se mobilizando para ir às escolas públicas explicar a situação da universidade e os de arquivologia e biblioteconomia estão montando um banco de dados com informações sobre o movimento”, detalha.
Edição: Ednubia Ghisi