A vistoria começou na rua Helvétia, no centro de São Paulo, onde ficava a antiga Cracolândia.
Enquanto o representante da Prefeitura de São Paulo ouvia as críticas de profissionais de saúde e movimentos sociais sobre a ação policial que esvaziou a região há uma semana, uma beneficiária do antigo programa Braços Abertos interrompeu a conversa, aos prantos, para falar de sua situação.
Keth Vilela, de 41 anos, vivia e trabalhava como cabeleireira em uma das pensões muradas pela prefeitura. Segundo ela, há oito dias está sem casa e sem trabalho e voltou a catar latinhas na rua para viver.
Keth disse que não teve tempo nem para retirar seus pertences.
Relatos como o de Keth marcaram a visita que terminou na Praça Princesa Isabel, que fica a 400 metros da antiga Cracolândia e que virou o novo ponto de consumo de drogas na cidade de São Paulo.
O conselheiro Leonardo Pinho, que organizou a visita, não gostou do que viu. Segundo ele, o resultado é negativo e a situação, no local, é desesperadora.
À tarde, os conselheiros se reuniram com representantes do Governo do Estado e do município. As observações do Conselho vão ser organizada em um relatório que deve ser divulgado ainda essa semana.
A visita foi acompanhada por um assessor da secretaria de governo da prefeitura, Orlando Faria. Ele não falou com a reportagem porque, segundo ele, não tem autorização para dar entrevistas.
* Em nota, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura explicou que: “A ação policial na região da Luz foi executada para coibir crimes e graves abusos aos Direitos Humanos praticados pelos traficantes de drogas no local, como a exploração sexual de mulheres, sequestro, tortura e morte de quem não respeitava as regras impostas pelo tráfico. A Prefeitura considera bem-vinda a colaboração e participação de todos que possam ajudar a devolver a dignidade e cidadania às pessoas que sofreram tanto desrespeito.”
Edição: Radioagência Nacional