Espera-se que a mídia comercial conservadora não faça vazamento seletivo
Seria muito bom que políticos, sejam de que partido forem, exigissem que fosse revelado o custo das operações militares em Curitiba em função do depoimento do ex-presidente Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro. Teve até atirador de elite em um prédio.
Na verdade, apesar do esquema montado, os seguidores de Lula e defensores do processo democrático deram uma demonstração de maturidade política. Os defensores do juiz de primeira instância Sérgio Moro demonstraram sua força em Curitiba promovendo manifestação minúscula.
Espera-se que a mídia comercial conservadora não faça, como de outras vezes vazamento seletivo e divulgue parte do depoimento de forma a enganar incautos e criminalizar o ex-presidente. É importante ficar de olho nos telejornalões, sejam da Globo, da Bandeirantes, Record ou outras.
Esta tem sido a ação da mídia comercial conservadora, cujos editores estão sequiosos em incriminar Lula, mesmo não tendo provas concretas das tais delações premiadas de acusados que querem de todas as formas sair da prisão ou pelo menos reduzir suas penas e até mesmo conseguir prisão domiciliar. Parece que a fórmula é exatamente acusar Lula e assim sucessivamente.
Na verdade, os golpistas que tomaram conta do Palácio Alvorada já se mobilizam para evitar uma eleição presidencial em outubro de 2018. Temem perder e serem passados para trás. Até o patético presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do DEM, propôs, sem vergonha na cara, que o mandato do seu superior hierárquico, o golpista Michel Temer fosse prorrogado por mais dois anos até, portanto, 2020.
Se acontecer isso, a história do general de plantão Humberto de Alencar Castelo Branco, que teve o mandato golpista prorrogado, se repetirá. O primeiro general de plantão da série jurava por tudo que era sagrado que não tinha intenção de prorrogar o mandato, mas depois deu no que deu. É bem possível que o golpista edição 2016 diga a mesma coisa, mas na hora agá aceite a sugestão de seu áulico.
O que se sabe neste momento é que para o Brasil voltar à democracia deve se realizar imediatamente eleição presidencial direta. Não dá para aceitar tamanho retrocesso representado por Temer e sua patota.
Ou o Brasil restabelece a democracia votando em um próximo Presidente que se comprometa em revogar todo o retrocesso produzido por Temer, ou então restará pouco das riquezas do Brasil para serem usufruídas pelo povo e não mais pela oligarquia que decidiu neste um ano fazer o país retroceder voltando a ser uma colônia, tendo como Ministro da Fazenda Henrique Meireles, o tal que diariamente faz ameaças e mais ameaças no caso de não ser aprovada a (pseudo) reforma da Previdência, que visa concretamente entregar o setor para a iniciativa privada.
E com o apoio incondicional do Fundo Monetário Internacional (FMI), como ficou claramente demonstrado quando Meireles esteve na última reunião da entidade que exige dos governos a aceitação de um modelo econômico que favoreça os grupos financeiros internacionais. Madame Christine Lagarde que o diga.
* Mário Augusto Jakobskind é jornalista, integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato no Rio de Janeiro, escritor e autor, entre outros livros, de Parla - As entrevistas que ainda não foram feitas; Cuba, apesar do Bloqueio; Líbia - Barrados na Fronteira e Iugoslávia - Laboratório de uma nova ordem mundial.
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