O presidente golpista, Michel Temer (PMDB), determinou que seus ministros devem privilegiar as obras e projetos das bases eleitorais de cerca de 330 parlamentares. O objetivo é acelerar a liberação de verbas atrasadas para pagar emendas de congressistas que se comprometam a votar a favor da reforma da Previdência, amplamente criticada por diferentes setores da sociedade. A decisão foi tomada em reunião na segunda-feira (8).
O governo estima que os projetos indicados por esses parlamentares ainda têm R$ 1,9 bilhão a receber até o fim do ano, média de quase R$ 6 milhões para cada um, conforme reportou o jornal Folha de S. Paulo.
As liberações devem ser feitas nas próximas três semanas. O esforço é para garantir ao menos 308 votos favoráveis na Câmara e, assim, aprovar a reforma que aumenta o tempo de contribuição para a seguridade social e as idades mínimas para a aposentadoria de todos os grupos da população. Parlamentares que compõem a oposição e aqueles que traíram o governo em recentes votações ficarão de fora da distribuição.
Além da já conhecida propaganda midiática, que será massiva nas próximas semanas, o apoio com a verba liberada para certos deputados visa agradar às suas bases eleitorais, mesmo depois da retirada de direitos a ser promovida pela reforma, caso aprovada.
População
Na contramão dos esforços do governo Temer e de sua base, a população vem aderindo à manifestações contrárias às reformas previdenciária e trabalhista, como foi no último dia 28 de abril, quando estima-se que mais de 35 milhões de trabalhadoras e trabalhadores pararam suas atividades durante a realização de uma greve geral.
A rejeição também se mostra nos dados da recente pesquisa realizada pelo Datafolha. Os resultados mostraram que 71% dos brasileiros são contra a reforma da Previdência.
Tramitação
A votação dos destaques apresentados ao texto da reforma acontece nesta terça-feira (9). O relatório, elaborado pelo deputado Arthur Maia (PPS-BA), já foi aprovado pela Comissão Especial da Reforma da Previdência na Câmara na última semana.
A votação dos destaques começou na semana passada. No entanto, a sessão foi adiada depois que um grupo de agentes penitenciários invadiu o plenário da Comissão pleiteando a inclusão da categoria nas mesmas regras adotadas para os policiais civis, federais e do Legislativo — que poderão ter acesso ao benefício da aposentadoria a partir dos 55 anos de idade, quando tiverem 30 de contribuição.
Após votados os destaques, o texto deve ser publicado no Diário Oficial da Câmara. Em seguida, o projeto passa por ao menos duas sessões até ser encaminhado ao plenário da Casa legislativa, o que deve acontecer a partir do dia 15.
Edição: Vivian Fernandes