Não se fala em outra coisa. A greve geral está na boca povo. É o assunto da padaria, do ponto de ônibus, da sala de aula e, claro, dos principais sites de notícias do Brasil. No Rio de Janeiro, cerca de 34 sindicatos já avisaram que vão paralisar de suas atividades, em protesto às reformas trabalhista e previdenciária, que retiram direitos adquiridos ao longo das últimas décadas.
Além de sindicatos e movimentos populares, a greve ganhou apoio dos setores religiosos, como o dos católicos e dos evangélicos. O pastor Henrique Vieira, da Igreja Batista do Caminho, explica porque é contra as reformas de Temer.
“Essas reformas contrariam o reino de Deus, como cristãos temos obrigação em nos levantar contra as medidas que prejudicam o povo. Ir às ruas nessa sexta-feira (28) é ir ao encontro de Deus, já ele prega a justiça social. Essa é uma maldade que estão querendo cometer contra o povo de Deus”, diz o pastor.
O religioso diz ainda que essas duas medidas políticas vão golpear aqueles que menos têm. “Em minha perspectiva de cristão, as reformas ampliam as desigualdades sociais. A trabalhista tira direitos conquistados com muita luta dos trabalhadores do campo e da cidade. A reforma da Previdência faz pesar sobre o povo problemas que poderiam ser solucionados de outra forma, como, por exemplo, a taxação de grandes fortunas”, destaca o pastor Henrique Vieira.
A Igreja Católica também não se calou. Além do Papa Francisco, que se pronunciou contra as iniciativas políticas que prejudicam os trabalhadores, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – aqui) e mais de 80 arcebispos e bispos lançaram um comunicado convocando a população a fazer greve e ir para as ruas protestar.
“Convocamos os cristãos e pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem contra a reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados”, diz a nota assinada pelos bispos.
Além disso, o Ministério Público do Trabalho (MPT) divulgou na quarta-feira (26) uma nota pública sobre a greve geral, onde destacou a legitimidade da paralisação. "Movimento justo e adequado de resistência dos trabalhadores às reformas trabalhista e previdenciária, em trâmite açodado no Congresso Nacional, diante da ausência de consulta efetiva aos representantes dos trabalhadores".
O órgão diz que apoia o movimento grevista, que a reforma trabalhista “viola gravemente a Constituição Federal de 1988 e Convenções Fundamentais da Organização Internacional do Trabalho" e que greve é direito fundamental.
Principais paralisações
Os trabalhadores dos Correios já estão em greve, ônibus, metrô, trem e barcas devem funcionar de forma parcial. Escolas privadas, públicas e universidades também vão fechar as portas.
Nos dois aeroportos Rio serão organizadas paralisações de trabalhadores, segundo o Sindicado dos Aeroviários (de trabalhadores que prestam serviços em terra). As companhias aéreas já preveem cancelamentos de voos, principalmente na madrugada e de manhã, que é quando saem a maior parte dos voos internacionais.
O Sindicato Nacional dos Aeronautas (categoria que reúne pilotos, copilotos e comissários de voo) também promete suspender voos para Brasília e assim impedir que políticos cheguem para votar as medidas que prejudicam os trabalhadores.
Edição: Vivian Virissimo