Há trinta anos, o diretor franco-brasileiro Vincent Carelli criou o programa Vídeo nas Aldeias com o objetivo de documentar a vida nas comunidades e formar cineastas indígenas. O documentário Martírio, que estreou na quinta-feira (13), faz parte desse trabalho e é o segundo filme de uma trilogia, que começou com Corumbiara e finalizará com Adeus, Capitão, cujo material já está sendo rodado.
O documentário foi vencedor dos prêmios de melhor filme pelo júri popular e de menção como prêmio especial do júri no Festival de Brasília de 2016.
Carelli conta, em entrevista à Rádio Brasil Atual, que o filme possui várias dimensões: “Tem uma narrativa pessoal, do meu envolvimento com os povos; tem uma narrativa histórica, onde retomamos a história da região desde a Guerra do Paraguai, quando Argentina e Brasil dividem entre si metade do Paraguai. Justamente essa área de conflito pertencia ao Paraguai”.
Segundo o diretor, essa dimensão histórica representa uma das raízes da situação atual, porque “esse fato traz uma série de preconceitos que os índios carregam. Até hoje são acusados de ser ‘invasores’ do Paraguai, sendo que eles nunca saíram daquele lugar”.
O documentário traz sessões do Congresso Nacional porque, para o diretor, a Casa legislativa é, “em última instância, onde se decide o destino dos índios”.
Para Carelli, os Guarani Kaiowá são vítimas da bancada ruralista, “um lobby poderoso, bastante agressivo”, que vem sendo responsável pelo “processo de deportação e confinamento dessas populações em pequenas reservas”.
O documentário foi vencedor dos prêmios de melhor filme pelo júri popular e de menção como prêmio especial do júri no Festival de Brasília de 2016. O filme está em cartaz em 30 salas de cinemas em todo país, e em 19 capitais brasileiras.
Assista o trailer oficial do filme:
*Com informações da Rádio Brasil Atual
Edição: Vanessa Martina Silva