O ato até podia parecer pequeno, mas o grau de simbolismo era gigante. Cem anos da revolução russa, dia internacional da luta pela terra, solidariedade internacionalista contra o bloqueio a Cuba, defesa da pátria Palestina e 21 anos do massacre de Eldorado dos Carajás. Tudo isso foi celebrado ao som da “Internacional Comunista” em ritmo de samba, na Praça Sete, Centro de Belo Horizonte, neste 17 de abril.
Foi o terceiro ensaio/encontro do Bloco Soviético Vermelhim, que tem a proposta ousada de ocupar todo dia 17 a principal praça da cidade com seus tambores, cartazes e lembrança do legado da primeira revolução socialista do mundo, que aconteceu na Rússia em 1917. Desde antes do carnaval, o grupo já se reunia para praticar, como na programação que comemorou os 90 anos de Fidel Castro.
Cristian Coelho, professor de literatura, é um dos regentes da festa pública. Ele explica que um dos motivos para o convite ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) de participar do ato desta segunda foi o tema da luta pela terra. “Estamos aqui todo mês comemorando o centenário da revolução russa e uma das principais conquistas a se celebrar é a da terra pelos trabalhadores”, explica. Mas além disso e da data simbólica – 17 de abril se tornou o dia da luta internacional camponesa após um massacre que vitimou 21 pessoas no estado do Pará – o MST representa para o Bloco Vermelhim “o grande símbolo da luta popular do Brasil, da América Latina e do mundo”.
Militantes do MST estavam presentes e também levaram suas bandeiras e músicas. Guê Oliveira, do setor de cultura do movimento, explica que todo dia 17 são feitas inúmeras ocupações para pressionar pela reforma agrária no país. A de hoje em Belo Horizonte era uma ocupação cultural de praça pública. “É importante esse encontro, entre alguns mestres do samba e músicos, trabalhadores, com as pessoas que passam por aqui. Não se faz luta pela terra só nós do MST. Temos que estar com a classe trabalhadora”, reforça.
Elisângela das Dores Alves, auxiliar de serviços gerais, voltava pra casa, no Morro das Pedras, na região Oeste de BH quando viu seu vizinho no palco tocando samba. Parou um pouco pra ouvir e gostou. Apesar de não ter ouvido falar da revolução russa ou do dia da luta pela terra, ela achou o bloco “alegre, animado” e diz que pretende voltar outras vezes. No dia 17 de maio, novamente o Bloco Soviético Vermelhim estará lá, às 17h, como pretende ficar todos os dias 17, até 2017 acabar.
Edição: Larissa Costa