A conclusão é de uma pesquisa feita pelo professor da Universidade Federal do Amazonas Abel Santiago Muri Gama, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeam).
Os dados foram coletados de casa em casa, em 24 comunidades de oito regiões de lagos e rios. Mais de 76% da população consultada informou que se automedica. O pesquisador explicou o que motivou o estudo.
“Eu já trabalho desde 2007 com ribeirinhos. Dessa data até hoje, nós já vimos algumas vezes o uso de medicamentos para uma série de coisas, sem necessidade. Por exemplo, uma ferida no dedo nós observamos empiricamente o uso de antimicrobianos para esse problema. Em contato com a pesquisadora Sílvia Secoli, da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, nós articulamos a minha tese de doutorado que foi justamente o trabalho sobre automedicação nessas populações”.
O trabalho verificou que 57,5% dos medicamentos mais utilizados sem prescrição médica são os analgésicos, para os diversos tipos de dores, principalmente, nas costas.
Em segundo lugar, com 13% aparecem os antimicrobianos ou antibióticos, que são recomendados para o tratamento de infecções. Segundo o professor Abel, a principal justificativa para automedicação nessas comunidades é o acesso limitado aos serviços de saúde.
“Esses ribeirinhos vivem em um certo isolamento. Acho que uma ou duas são ligadas por terra, as outras só fluvial. Algumas ficam a cerca de 500 quilômetros da cidade. Então, nessas comunidades nós não temos serviço de saúde, os únicos profissionais mais próximos desses ribeirinhos são os agentes comunitários de saúde”.
De acordo com o pesquisador, os medicamentos são, geralmente, adquiridos em grande quantidade pelos ribeirinhos, em farmácias na cidade de Coari e que não exigem receita médica.
A pesquisa foi realizada em 2015. Na época, como parte do trabalho foram feitas ações educativas, como o Cine Ribeirinho, para conscientizar os comunitários sobre os riscos da automedicação.
Edição: Radioagência Nacional