Habitação

Após despejo violento, MTST protesta contra ação da Prefeitura de Guarulhos

“O prefeito não vai nos tirar da rua. Cada pai de família que tomar borrachada estará aqui”, diz integrante do movimento

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Militante mostra cartaz com fotos de feridos na desocupação de sábado (10)
Militante mostra cartaz com fotos de feridos na desocupação de sábado (10) - BdF

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) realizaram um protesto na cidade de Guarulhos, região metropolitana da capital paulista, na manhã desta quarta-feira (12). A manifestação foi uma resposta à atuação da Guarda Civil Municipal (GCM) contra uma ocupação no último sábado (10).

O movimento reivindica negociações com a prefeitura a respeito da ocupação Hugo Chávez, localizada no bairro de Bonsucesso, cujo despejo está marcado para o próximo dia 17. Além de militantes do MTST, estavam presentes representantes de outras organizações, como o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e Sindicato dos Professores (Sinpro).

O ato se iniciou na Praça Getúlio Vargas, centro do município, e onde se localiza a Câmara dos Vereadores de Guarulhos. De lá, seguiu para o Fórum da cidade e, depois, para a Prefeitura. Lá, os manifestantes encontraram o edifício trancado e aguardam para serem recebidos pelo prefeito Gustavo Henric Costa (PSB), conhecido como Guti.

Caso

O MTST realizou uma nova ocupação, provisoriamente batizada como Resistência, em Guarulhos. No sábado, o acampamento foi despejado pela (GCM), que empregou balas de borracha, spray de pimenta e cachorros. No local, estavam presentes crianças e idosos. De acordo com o movimento, dezenas de pessoas ficaram feridas por conta da ação.

Zelídio Barbosa Lima, coordenador do MTST na cidade, afirma que no mesmo dia do despejo, o Movimento havia negociado com a Secretaria de Habitação um período de diálogo de dez dias para que fosse encontrada uma solução para as cerca de 700 famílias ocupantes.

Lima diz que foram surpreendidos pela chegada da GCM, que, segundo ele, não apresentou nenhuma ordem judicial que amparasse a operação.

“O prefeito não vai nos tirar da rua. Cada pai de família, cada mãe que tomar borrachada vai estar aqui”, promete Zelídio.

Violência

“Estava desde sexta-feira [9] na ocupação. Depois de 30 minutos de reunião com o secretário [de Habitação], a GCM entrou com violência, sem avisar. Machucou idosos, crianças, mulheres gestantes”, relata Josiele Vilela dos Santos, do MTST. “Eu peguei as crianças da ocupação, todas chorando, e tentei sair por trás. Começaram a atirar e mandaram voltar. Não nos deixaram sair. Algumas pessoas ainda estão de cama”, conta a militante.

Uma das pessoas feridas foi Karina, que presente também na manifestação. A militante foi atingida por uma bala de borracha. “Deram o prazo de dez dias para verificar como atender as pessoas. À noite, porém, já não aconteceu isso. Começaram a agredir e a ameaçar as pessoas. Eu fui atingida. Hoje estamos aqui para obter uma resposta sobre o que aconteceu”, diz.

Resposta

Quando noticiada a atuação da GCM pelo Brasil de Fato, a gestão Guti afirmou que "exercitou seu direito de retomar a posse sobre a área de sua propriedade de forma pacífica".

Além disso, a assessoria do município confirmou o encontro e a presença do secretário no terreno, mas negou a negociação do prazo.

A Prefeitura de Guarulhos informou também que a área de 250 mil metros quadrados ocupada pelo MTST é pública e está destinada à instalação do Parque Tecnológico. A administração municipal diz que a GCM isolou o local para que o assentamento não crescesse em número de pessoas e que vai reforçar a vigilância no local para evitar "novas invasões".

O MTST confirma que a ocupação é de um terreno público, mas alega que a área está abandonada "há décadas", e que fábricas utilizariam o espaço irregularmente e que o projeto foi anunciado pela Prefeitura apenas após a ocupação da área.

Edição: Vanessa Martina Silva