O presidente da Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho (ALJT), Hugo Cavalcanti Melo Filho, denunciou nesta quinta-feira (16) um episódio que pode ser interpretado como ato de censura por parte do Ministério Público do Trabalho do Paraná. O magistrado participava de um seminário em Curitiba sobre assédio moral no auditório da instituição, onde seria realizado o lançamento da obra O Golpe de 2016 e a Reforma da Previdência – que acabou cancelado de última hora. O livro reúne 76 artigos de 95 autores de diferentes setores do meio sindical, acadêmico e jurídico.
“Que tenhamos juízes obscurantistas que não comungam com a diversidade de opinião, que taxam de idólatras de determinadas ideologias que defendem a democracia e que atacaram e acusaram no Facebook os organizadores do evento de apropriar-se de prédio público, infelizmente, nada podemos fazer. Que esses juízes façam isso e sejam acompanhados por meia dúzia de procuradores, nada podemos fazer. Que isso reverbere, infelizmente, nada podemos fazer. Mas que o Procurador-Chefe sucumba a este tipo de pressão na casa que deveria ser da defesa da democracia – porque essa é a medida constitucional do MP – isso não podemos aceitar”, criticou o magistrado.
Melo Filho anunciou, então, que encaminhará ao Procurador-Geral do Trabalho um documento comunicando o fato que impediu o lançamento do livro em Curitiba. “Isso é uma vergonha para a instituição, sucumbindo à pressão do que há de mais retrógrado e atrasado em nosso País. Também darei ampla divulgação a esse episódio. Deixarei os senhores agora e me recuso a fazer qualquer palestra e faço minhas escusas aos organizadores do evento”, disse o juiz antes de deixar a sede do Ministério Público do Trabalho do Paraná.
A reportagem do Brasil de Fato tentou entrar em contato com o Ministério Público do Trabalho do Paraná para entender as razões que levaram à suspensão do do lançamento do livro. Em nenhuma das tentativas, não foi possível obter uma resposta da assessoria de imprensa.
Edição: Daniel Giovanaz