O movimento foi responsável pela consolidação do Modernismo Brasileiro
A Semana de Arte Moderna de 1922 completa nesta semana 95 anos. O movimento, que ocorreu entre os dias 11 e 18 de fevereiro, rompia com os paradigmas culturais de um país que ainda vivia sob as estruturas quase feudais da monocultura do café.
Um grupo de artistas plásticos e intelectuais desejavam a ruptura com a tradição acadêmica e influências da cultura europeia, principalmente a francesa. A proposta era revolucionar as expressões artísticas, e encontraram na cultural brasileira inspiração para seus processos criativos.
Realizada no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de 22 teve apresentações de recitais de músicas e poesia, palestras, danças e exposições de pintura, escultura e arquitetura. Apesar das vaias do público que não reagiu muito bem as inovações artísticas apresentadas, o movimento contribuiu com importantes mudanças no cenário da arte brasileira.
A abertura do evento no dia 13 foi feita por Graça Aranha com a conferência A Emoção Estética na Arte Moderna, que criticava o conservadorismo e o academicismo da arte brasileira. Manuel Bandeira leu o seu ensaio A Escrava que não Era Isaura na escadaria do teatro.
O evento contou ainda com a apresentação da pianista Guiomar Novaes e o maestro e compositor Heitor Villa-Lobos, que subiu ao palco de casaca e descalço para reger a orquestra, sendo vaiado pelo público que ainda respirava os ares europeus.
Villa Lobos apresentou uma série de três espetáculos durante o evento. Com as composições Amazonas e Uirapuru, ambos de 1917, o maestro consolidou seu estilo. Em Uirapuru o maestro buscou inspiração em uma lenda indígena.
Participaram do evento os escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade Menotti del Picchia, Manuel Bandeira, Agenor Barbosa, Guilherme de Almeida, Plínio Salgado e Sérgio Milliet; os artistas plásticos Brecheret, Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Vicente do Rêgo Monteiro; entre outros.
A Semana de Arte Moderna, significou o marco inicial do modernismo no Brasil. Embora influenciado pelas vanguardas europeias, o movimento estimulou escritores e artistas a produzirem cultura com características nacionais, valorizando as manifestações populares brasileiras.
Mário de Andrade foi um desses artistas. Pesquisador e folclorista, ele percorreu os estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Maranhão e Pará em 1938 em uma expedição chamada Missão de Pesquisas Folclóricas. O escritor registrou o som de cantigas de rodas, entoadas de Bumba meu boi, cânticos de matriz africana e outras manifestações populares. O resultado gerou o registro de 1299 fonogramas.
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Mosaico Cultural
Locução: Norma Odara
Produção: Lilian Campelo
Sonoplastia: Mauro Ramos
Edição: Mauro Ramos