Em novembro de 1936, poucos meses após o início da Guerra Civil Espanhola, uma bomba cai na casa do jovem Alejandro Campos Ramírez em Madrid, deixando-o preso entre escombros. Ficou gravemente ferido e foi levado a um hospital na cidade de Montserrat, em Valencia. Ali, viu chegar refugiados da guerra, mulheres e muitas crianças feridas. Como ele, várias crianças não poderiam voltar a jogar bola. Foi então que Alejandro começou a desenvolver a ideia para um jogo que anos depois percorreu o mundo:
"As crianças que estavam mutiladas, viam com pena como jogavam bola os que estavam bem. ‘Se existe um tênis de mesa, porque não um futebol de mesa?’. Então fiz um plano e passei para um marceneiro basco que estava ali como refugiado, Francisco Javier Altuna. Então ele se virou para conseguir um material em Barcelona, outro em outra cidade, mas tudo foi montado em Olesa de Montserrat", explicou Alejandro Ramírez, no documentário Tras el futbolín.
Assim nasceu o pebolim de Montserrat, com jogadores de madeira, bola de cortiça e campo de vidro. Alejandro Finisterre, seu pseudônimo, não conseguiu fazer com que seu invento fosse fabricado e distribuído industrialmente, pois todas as fábricas de brinquedos estavam produzindo armas para a guerra. Patenteou a invenção em 1937, mas perdeu o papel na França, onde se exilou após a vitória do franquismo na guerra.
Da França, Ramírez, que era poeta e anarquista, viajou para o Equador onde fundou uma revista literária. Em 1952, viajou para a Guatemala, onde melhorou o pebolim e começou a fabricá-lo. Seu negócio funcionou enquanto houve democracia no país. Em 1954, o coronel Carlos Castillo Armas, com apoio da agência estadunidense CIA, aplica um golpe de Estado. Ramírez foi então roubado e sequestrado por seus ideais republicanos, ficando sem nada.
O poeta foi colocado em um avião com destino a Espanha. Mas entrou no banheiro do avião e construiu uma bomba falsa, usando um sabonete embrulhado em papel alumínio. Ameaçando a tripulação com o sabonete, conseguiu fazer que o voo fosse desviado para o Panamá.
Daí partiu para o México, onde fundou uma gráfica. Voltou para a Espanha após o fim da ditadura de Franco, constatando que o pebolim tinha se tornado muito popular.
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Fatos Curiosos da História
Locução: José Eduardo Bernardes
Produção e sonoplastia: Mauro Ramos
Edição: José Eduardo Bernardes