Trump também tem contrariado interesses do sistema que comanda os EUA
Donald Trump, sem dúvida anda fazendo das suas. Já existe até uma bolsa de apostas sobre quanto tempo ele ficará na Presidência da República dos Estados Unidos. Mas há que se tentar analisar Trump fora dos padrões da mídia comercial conservadora, que tinha apostado todas as suas fichas na candidata do sistema, Hillary Clinton, que quando era Secretária de Estado agiu de forma a assegurar os interesses imperialistas norte-americanos.
É claro que Trump passou dos limites ao proibir por 120 dias a entrada nos EUA de cidadãos muçulmanos provenientes de países onde o bilionário não tem negócios. Preferiu não estender a proibição de pessoas vindas de países onde Trump tem negócios particulares, entre os quais a Arábia Saudita e Egito.
Mas Trump, por sua vez, também tem contrariado interesses do sistema que comanda os Estados Unidos há muitas décadas. Não que Trump seja progressista, mas por questões outras.
O jornalista Thierry Meyssan, analista político que geralmente se ocupa com matérias sobre o Oriente Médio, ao falar de Trump lembra que o mandatário recém empossado está retirando poderes exercidos em todos estes anos pela Central de Inteligência (CIA) norte-americana.
Em artigo recente, Meyssan assinala que Trump vai modificar o sistema de governo estabelecido em 1947, segundo o qual a CIA não mais participará da organização do Conselho de Segurança Nacional e do Conselho de Segurança da Pátria. Ou seja, no entender do jornalista, o Presidente suspendeu o princípio antes adotado de manejar a Segurança Nacional sob a autoridade conjunta da Casa Branca, do Estado Maior Conjunto e da CIA.
Quer dizer, prevalecendo o que Trump estabeleceu, fica "dissolvida a organização do imperialismo estadunidense". Trocando em miúdos, como disse Meyssan, “desde 1947 e até 2001, o Conselho de Segurança Nacional foi o centro do Executivo estadunidense e o presidente dividia o poder com o diretor da CIA –nomeado por ele – e com o chefe do Estado Maior Conjunto, selecionado por seus pares deste e órgão estritamente militar”.
Na visão de Meyssan, a CIA, que até agora era o braço armado do presidente para a realização de ações secretas, finalmente se converte em uma agência de inteligência na verdadeira acepção da palavra, ou seja, uma agência de encarregada de estudar atores internacionais, de antecipar as ações de ditos atores e aconselhar o presidente.
Revela também o jornalista que segundo um informe de sua atividade anual, o Conselho de Segurança Nacional ordenou, em 2015, assassinatos políticos em 135 países.
Se acontecer mesmo tudo o que Meyssan antecipou, os Estados Unidos deixarão de lado a política truculenta que acompanha o país há muitos e muitos anos, inclusive com o apoio de regimes de força que se instalaram com o apoio do Departamento de Estado norte-americano, como no Brasil em abril de 1964, e no Chile em setembro de 1973. E mais recentemente os golpes de outro tipo, ou seja, sem os militares, ocorridos em Honduras, Paraguai e Brasil com a ascensão do golpista usurpador Michel Temer.
Por estas e muitas outras, é preciso também analisar o significado dos protestos que ocorrem nos Estados Unidos e pelo mundo afora. Não se pode confiar em “verdades absolutas” estimuladas pelo mega investidor George Soros, que não se conforma até hoje com a derrota de Hillary Clinton. Se ela fosse eleita, tudo estaria nos conformes estabelecidos apenas pelo capital financeiro, tão bem representado por Soros e a família Clinton.
Também não se pode aceitar de bom grado uma gestão como a de Trump, defensora de muros, no caso do México, já iniciada a construção em gestões anteriores, ou a inspiração de outro construído por Israel e que afeta os palestinos. E também é inaceitável silenciar diante da islamofobia de Trump. Mas sempre não deixando passar em brancas nuvens a cruzada contra Trump por parte de George Soros, que age dessa forma por ter interesses contrariados, o que é totalmente ignorado pela mídia comercial conservadora, que sempre age com o objetivo de fazer cabeças.
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