Uma manifestação contra a privatização da Cedae (empresa de águas e esgoto do Rio de Janeiro) e o “pacote de maldades” do governo de Luiz Fernando Pezão (PMDB) terminou em forte repressão da Polícia Militar e da Força Nacional de Segurança nesta quarta-feira (1). Segundo relatos de manifestantes, mais de 50 bombas de efeito moral foram disparadas pelos policiais nesse dia que marca a abertura do ano legislativo no Palácio Tiradentes, no Centro do Rio. Desde o ano passado, o governo do PMDB enfrenta uma onda de protestos de servidores públicos sem precedentes na história recente.
O protesto, que começou por vota de 11h, em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo o Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe). Por volta das 14h a Tropa de Choque deu início a ação de repressão, que durou a tarde toda com disparos de bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. De acordo com informações divulgadas pela imprensa, a repressão começou com a chegada na Alerj do carro do secretário da Casa Civil, Christino Áureo, que representou o governador Pezão que encontra-se em Brasília.
O centro do Rio ficou totalmente paralisado, da altura do Largo da Carioca até a Cinelândia, e o comércio fechou as portas. O cenário era de guerra e pelo menos um ônibus foi incendiado na Avenida Rio Branco (a principal rua do Centro). Por volta das 16h policiais passaram, em cima de um camburão, atirando bombas de efeito moral nos manifestante e na população que passavam na rua, de forma indiscriminada. “A manifestação foi dispersa com extrema violência policial. Caos geral no centro da cidade com policiais caçando servidores pelas ruas”, relatou a servidora pública do estado, Maria Lucia Andrade Pinto.
Em vídeo divulgado na internet, manifestantes afirmam que crianças e mulheres foram atingidas pelos disparos da PM e que pelo menos uma pessoa ficou ferida. “Artilharia do Governo Pezão atacando os servidores públicos. Absurdo ver tanta repressão a trabalhadores que estão lutando apenas pelos seus salários. Não adianta nos reprimir. Não aceitaremos pagar a conta da crise construída pelo PMDB”, diz o manifestante Rafael Duarte D'Oliveira. Servidores receberão o salário de dezembro em cinco parcelas e ainda não há previsão para o pagamento do 13º salário.
Os servidores protestam contra a venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE), impulsionada pelo governo do presidente não eleito Michel Temer. O governo federal exige as ações da empresa estatal, companhia que teve apresentou lucros nos últimos 7 anos, como garantia para um futuro empréstimo.
A adoção dessa e de outras medidas foram condições impostas pelo governo Temer para aceitar que o estado fique sem pagar os juros da dívida com a União por um período de três anos. As primeiras medidas de austeridade do governo estadual começam a ser votadas na Alerj no próximo dia 7 de fevereiro.
Contrários as medidas propostas pelo governo Pezão, os servidores públicos, através do Muspe, protocolaram um pedido de impeachment do governador Luiz Fernando Pezão e do vice-governador Francisco Dornelles, no dia 12 de janeiro, na Alerj. O documento com mais de 120 páginas se baseia no crime de responsabilidade da gestão do chefe do executivo, diante das denúncias sobre irregularidades em incentivos fiscais apresentadas nos últimos meses. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi protocolada pela bancada do PSOL e vai investigar essas denúncias.
Cacique do PMDB é reeleito presidente da Alerj
O deputado estadual Jorge Picciani (PMDB) foi eleito presidente da Assembleia Legislativa com placar de 64 votos a favor e 6 contra. Apenas a bancada do PSOl e um deputado da Rede votaram contra a candidatura do PMDB.
Esse é o sexto mandato do deputado, que é investigado pelo Conselho Superior do Ministério Público do Rio de Janeiro por suposto por enriquecimento ilícito. Outra investigação contra o parlamentar corre no âmbito da Lava Jato. A denúncia envolve uma empresa da família Picciani. A empresa teria feito negócios fraudulentos com a Carioca Engenharia, que fez uma espécie de delação premiada das empresas. O parlamentar nega as acusações.
Edição: Vivian Virissimo
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