O prefeito de São Paulo João Doria, em sua campanha na corrida para a prefeitura, se auto-intitulava como "João Trabalhador" e dizia não se considerar um político. No primeiro mês no cargo, o prefeito mostrou que a tônica de seu governo será a mesma de sua campanha: as estratégias de comunicação e marketing.
Reforçando a impressão de que as figuras de prefeito e candidato ainda não se separaram, todos os seus passos, desde que assumiu, continuam sendo divulgados em suas redes sociais sob as hashtags de campanha #AceleraSP e #JoaoTrabalhador.
O prefeito, inclusive, se tornou alvo de memes e até virou tema de bloco de carnaval, o Vou de Doria, por sua mania de se fantasiar sempre que anunciava uma nova medida. Doria, além de prefeito, foi gari, pedreiro, jardineiro, pintor e até cadeirante. Em todas suas aparições, a imprensa foi convocada para o registro.
Mesmo com o forte apelo popular, o primeiro mês de gestão do prefeito, entretanto, foi alvo de críticas por suas políticas higienistas. A começar pela "guerra" contra os pichadores, a alteração do decreto do ex-prefeito Fernando Haddad que proibia que a Guarda Civil recolhesse cobertores de moradores de rua, além do aumento da velocidade nas marginais.
Confira os dez principais momentos do primeiro mês do prefeito:
1. Doria se vestiu de pedreiro para anunciar o programa Calçada Nova
Para promover o Calçada Nova, voltado para a recuperação de calçadas, o prefeito vestiu capacete de pedreiro e luvas para retirar entulho e cimentar guias. "Cada ato que o prefeito participa tem um simbolismo. O significado disso é o exemplo, a atitude, a representatividade do prefeito estar aqui ajudando a fazer. A essência é o exemplo. Estamos dando referência para os secretários, para os servidores públicos e principalmente para a população", disse Doria.
2. E virou 'cadeirante' por um dia para testar calçadas da cidade
Em mais uma agenda nas ruas da cidade de São Paulo, o prefeito andou de cadeira de rodas nas calçadas do Jardim Japão, na Zona Norte da capital. A iniciativa faz também faz parte do projeto Calçada Nova, inspirado em programa semelhante na gestão de Mario Covas, prefeito de São Paulo na década de 1980. O projeto incentiva moradores a ajudar nas ações de revitalização.
3. Se vestiu de gari para lançar programa de limpeza, mas não varreu a rua
Instituído desde o primeiro dia de mandato do novo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), o Programa Cidade Linda tem como principal objetivo revitalizar áreas degradadas da cidade. Como parte do lançamento do programa, Doria se vestiu com um uniforme de gari, mas contrariou o que havia sido anunciado pela equipe do prefeito de que ele se juntaria ao grupo de garis e varreria calçadas na região, o tucano pegou na vassoura apenas para posar para os fotógrafos e cinegrafistas. Segundo ele, essa é “uma demonstração de igualdade, humilde e trabalho”.
4. E também foi jardineiro
Usando macacão, óculos de proteção e capacete, Doria empunhou um cortador de grama para promover mais uma ação da Operação Cidade Linda.
5. E pintor
Além de limpezas de ruas e calçadas, a Operação Cidade Linda prevê também a limpeza de muros e patrimônios públicos que sofreram pichações.
6. Declarou "guerra" aos pichadores
Em entrevista, o novo prefeito acusou os pichadores de serem "agressores e destruidores". A Guarda Civil Metropolitana (GCM) da Prefeitura de São Paulo, comandada por João Doria, já deteve ao menos 26 pichadores desde o início do mês. As prisões ocorrem em meio a protestos e críticas à gestão municipal por ter apagado grandes murais e grafites na cidade.
A prefeitura quer ainda aumentar o valor da multa aplicada a pichadores de R$ 767,53 para R$ 5 mil. Além disso, Doria firmou um acordo com o Sindicato dos Taxistas de São Paulo para que eles denunciem pichadores.
"Trinta e oito mil taxistas vão acionar a Guarda Civil Metropolitana, a qualquer hora do dia ou da noite, quando virem alguém pichando ruas ou monumentos", disse. Segundo ele, o acordo começa a valer no dia 1º de fevereiro. O cerco aos pichadores gerou polêmica e o tucano comprou briga com artistas e urbanistas.
7. Retirou a proibição de Guarda Civil recolher cobertores de moradores de rua
Através de decreto, a prefeitura retirou o parágrafo que proibia a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de recolher colchões e cobertores de moradores de rua. A medida altera a decisão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que vedava a prática.
O petista soltou a resolução após polêmica envolvendo essa população, durante o inverno do ano passado, quando cinco moradores de rua morreram de frio na cidade.
8. Vestiu-se de guarda de trânsito para anunciar aumento de velocidade nas marginais
Desde o dia 25 de janeiro a prefeitura aumentou o limite de velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros. Conforme havia sido prometido durante a campanha, a velocidade máxima voltou a ser de 90 km/h na via expressa; 70 km/h na central e 60 km/h na local.
A única diferença é que a faixa da direita da pista local terá a velocidade mantida em 50 km/h. Para veículos pesados, o limite será de 60 quilômetros por hora na expressa e na central e de 50 quilômetros por hora na local.
Doria ainda anunciou que deixará quatro ambulâncias do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) fixas nas marginais para o programa Marginal Segura. Os quatro veículos fazem parte de 14 ambulâncias entregues pelo Ministério da Saúde para renovação da frota na capital.
9. Mantém sua casa vigiada por guardas-civis metropolitanos 24 horas
Doria passou a contar com a segurança de uma base fixa da Guarda Civil Metropolitana (GCM) 24 horas por dia ao lado de sua casa, na região dos Jardins, Zona Oeste de São Paulo.
A medida não contradiz a lei, mas prefeitos anteriores, como Fernando Haddad, não costumavam contar com a vigilância constante da instituição, que sofre com déficit de funcionários.
10. Anunciou fim da ampliação das ciclovias
Doria não pretende investir em novas ciclovias, a não ser que empresas se interessem em financiar essa expansão em troca de publicidade. A manutenção também deve acontecer apenas com dinheiro da iniciativa privada.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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