O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, disse, nessa quarta-feira (25), durante ato político em Fortaleza (CE), que o foco da organização será “derrotar o governo ilegítimo de Michel Temer”. Para isso, ele anunciou que está sendo organizada uma grande marcha do movimento a Brasília para exigir eleições diretas. “Todos sabemos que a forma de barrar esse processo é organizar o povo e fazer luta de massa. Esperamos que em 2017 haja grandes mobilizações”, declarou.
O ato realizado pelo MST reuniu organizações e autoridades brasileiras em defesa da reforma agrária, dos direitos sociais e da democracia. Durante a atividade, que ocorreu no terceiro dia do Encontro da Coordenação Nacional do movimento, foi destacada a necessidade de mobilização dos trabalhadores para enfrentar pautas que ameaçam direitos.
Cerca de 400 delegados, vindos de todas as regiões do país, participam das atividades que debatem a conjuntura política do Brasil. Durante o ato, participaram intelectuais, representantes de diversos partidos políticos, entidades estudantis, organizações de juventude e de mulheres, centrais sindicais e movimentos populares.
O ato teve início com uma fala da historiadora Adelaide Gonçalves, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ela relacionou o movimento sem-terra ao histórico de lutas do campesinato cearense, desde a época colonial até a ditadura militar. “O MST é o filho direto de todas essas lutas, dizendo aos trabalhadores urbanos: ‘Vocês têm a greve, nós temos a ocupação’. É este movimento que escreve a história social da teimosia”, afirmou.
Luta
Senadores que participaram da atividade apontaram os limites da atuação institucional e, também, que o golpe reforçou a ideia de que um projeto de transformação real dependem da luta social.
A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) lembrou a perseguição e prisão de militantes do MST na região oeste Paraná e destacou esse ato político como um marco do início das manifestações de resistência em 2017. “A gente precisa lutar muito contra os retrocessos. Nós, do Congresso, precisamos nos apoiar nos movimentos sociais. Só com a população podemos reverter os efeitos do golpe”, enfatizou.
O papel da luta fora das instituições ainda foi ressaltado por Luciele Silva, secretária de movimentos sociais do PSOL. “É muito importante um encontro como este no início do ano. O caminho não será fácil. Nós entendemos que a luta se dará na rua, onde vamos afirmar que a democracia é essencial”, disse.
O senador Lindberg Farias (PT-RJ) falou sobre o papel do MST na rearticulação das forças populares. “O golpe apenas começou com a saída de Dilma. Ele continua na perseguição contra Lula. Este é um golpe de classe. Eles nunca tiveram compromisso com a democracia. Mas não está fácil para eles. A crise se aprofunda cada vez mais. Companheiros do MST, para além da reforma agrária, vocês serão decisivos em 2017. Com sua autoridade moral, vocês ajudam a unificar a resistência”, disse.
Referência
A vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Moara Saboia, apontou a influência das formas de luta do MST sobre a juventude. “Talvez o maior fenômeno de resistência [ao golpe] tenha sido quando os estudantes ocuparam as escolas, adotando um método utilizado pelo MST. É com muita unidade que devemos caminhar no próximo período. É na rua que podemos reverter o atual cenário, e não há nenhum movimento com maior capacidade de enraizamento do que os sem-terra”.
Além das entidades mencionadas, estiveram presentes no ato político integrantes do PCB, PCdoB, Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Marcha Mundial das Mulheres, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Levante Popular da Juventude e Consulta Popular; bem como deputados federais e estaduais, vereadores e representantes dos governos do Ceará, Bahia e da prefeitura de Fortaleza.
Edição: Vivian Fernandes
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