Logo após a detenção de Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), durante uma ação de reintegração de posse na manhã desta terça-feira (17), diversos políticos se posicionaram repudiando a ação da Polícia Militar.
Para a presidenta afastada por um golpe, Dilma Rousseff, a prisão de Boulos durante a resistência à reintegração de posse da ocupação Colonial, no bairro de São Mateus, zona leste de São Paulo, “evidencia um forte retrocesso” e “mostra a opção por um caminho que fere nossa democracia e criminaliza a defesa dos direitos sociais do nosso povo”. Ela classificou a prisão como “inaceitável”.
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) disse estar com Boulos e ser contra despejos. “O direito à moradia é direito humano essencial", declarou em sua conta no Twitter. Ela relembrou ainda que Boulos foi preso por defender pessoas que estão sendo despejadas em SP. Na avaliação da deputada, a ação foi direcionada contra ele. "Perseguição e ato fascista, mesmo”, acrescentou.
A vereadora de São Paulo, Juliana Cardoso (PT), foi na mesma linha de Maria do Rosário ao associar o fato com o contexto político do país. "Estamos passando por um momento muito difícil no Brasil. Estamos ficando cada vez mais próximo do Estado de exceção. Essa foi uma prisão ilegal, uma prisão política”, disse ao Brasil de Fato.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) também ressaltou que este fato simboliza a criminalização dos movimentos populares, assim como deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que declarou total apoio a Boulos.
Em nota, a bancada dos deputados estaduais do PT disse que o governo de Geraldo Alckmin nega o direito constitucional à moradia. Além disso, "patrocina cenas lamentáveis de violência, ataca e despeja nas ruas mais 700 famílias neste no momento de recessão e desemprego que assola o país, numa demonstração de insensibilidade com a situação da população carente".
Movimento popular
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também se solidarizou com as famílias sem teto e com Guilherme Boulos. Para o MST, a ação trata-se de criminalização das lutas dos movimentos populares por parte do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e da justiça paulista. "O trato das questões sociais como caso de polícia é criminoso, uma afronta aos direitos constitucionais da população brasileira. Fica evidente que, essa estratégia de violência, que é realidade também nas áreas rurais,tem como objetivo intimidar e atacar os trabalhadores do campo e da cidade", diz nota do movimento.
A Central de Movimentos Populares (CMP) classificou como "zona de guerra" as imagens da reintegração de posse na manhã de hoje. "A violência estatal no estado contra famílias sem teto é uma prática comum, mas agora o governador Geraldo Alckmin tem respaldo dos governos Doria e Temer para descer a porrada nos trabalhadores(as). Os golpistas Temer, Alckmin e Doria são a favor da especulação imobiliária em detrimento da moradia popular", diz a nota. A CMP informou ainda que, junto com o MTST, vem tentando articular uma saída negociada para a Ocupação Colonial para evitar o despejo de 700 famílias.
Resistência
A detenção de Guilherme Boulos ocorreu durante a reintegração de posse da ocupação Colonial no bairro São Mateus, que conta com cerca de 3 mil pessoas. De acordo com o movimento, a prisão foi arbitrária, pois Boulos atuou a todo momento na intenção de mediar o conflito. Por volta das 11h20, o coordenador do MTST prestou depoimento no 49° Distrito Policial (DP). Em seguida, ele falou com a imprensa. Confira no vídeo abaixo:
Secretaria
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que houve tentativa de negociação, mas "os moradores resistiram hostilizando os PMs, arremessando pedras, tijolos, rojões e montando três barricadas com fogo". Disse ainda que um policial ficou levemente ferido e duas viaturas foram danificadas. Informou ainda que, além de Guilherme Boulos, foi detido José Ferreira Lima, integrante da ocupação. Segundo a PM, "a dupla foi detida acusada de participar de ataques com rojão contra a PM, incitação à violência e desobediência".
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