O governo de Portugal decretou três dias de luto nacional a partir desta segunda-feira (9), dia em que o corpo do líder político Mário Soares será levado para o Mosteiro dos Jerónimos. De conhecida posição laica, será velado na Sala dos Azulejos, e não na igreja, terá funeral com honras de chefe de Estado e será sepultado no Cemitério dos Prazeres, na terça-feira, ao lado da sua companheira Maria de Jesus Barroso, morta em julho de 2015.
Soares morreu na tarde deste sábado (7), aos 92 anos, depois de quase um mês de internação, debilitado e, de acordo com a vontade da família, “não foi sujeito a mecanismos de suporte de vida”, como informa o site português Público. Ficara internado por dez dias a partir de 13 de dezembro no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, depois de uma indisposição. Na véspera de Natal, para lá voltou depois de um súbito agravamento do estado de saúde e de ter entrado em coma profundo.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em nota, que Mario Soares foi um dos grandes homens públicos do século 20, não só de Portugal, mas da Europa e do mundo. “Um homem comprometido durante toda a sua vida com os ideias do socialismo democrático e com a construção de um mundo mais justo. Lutou contra o fascismo e contra a ditadura em sua terra natal. Sempre defendeu e trabalhou pela cooperação e intercâmbio entre Brasil e Portugal, aproximando nossas nações. Sempre esteve, mesmo nas horas mais difíceis, do lado certo da história”, escreveu Lula. O ex-presidente lembra que no último encontro que teve com Soares, em abril de 2014, nos 40 anos da Revolução dos Cravos, o líder português mantinha então o “mesmo entusiasmo por Portugal e pela solidariedade entre os povos que vi em seus olhos desde nosso primeiro encontro”.
Mário Soares teve atuação marcante na resistência à ditadura salazarista em Portugal (1933-1974). Com a retomada da democracia, assumiu como entre as primeiras tarefas de ministro de Relações Exteriores promover o “reencontro” da política e da economia portuguesa com nações da África e com a Índia. Foi primeiro-ministro de 1976 a 1978 e presidente de 1986 a 1996.
A presidenta deposta em 11 de maio por um golpe jurídico-parlamentar, Dilma Rousseff, lembra de Soares como um líder adorado pelo povo português e respeitado pelos adversários. “Mário Soares marcou minha geração como um militante da liberdade. Sua vida dedicada à política e à democracia de Portugal é um exemplo para o mundo de que é possível construir uma sociedade democrática e igualitária para todos”, escreveu Dilma, em seu site.
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