"Você sabia que, se não fizermos a reforma da Previdência, em poucos anos ela vai quebrar?". Esta é a chamada da propaganda do governo sobre a proposta de mudanças no sistema previdenciário, contidas na PEC 287, publicada na madrugada de terça-feira (6) na página do Portal Brasil no Facebook. Até as quatro da tarde de terça, havia sido compartilhada 2.103 vezes. O número de comentários, no entanto, era maior: 2.214. A maioria deles respondia à pergunta do governo com o seguinte raciocínio: essa conta não bate. Se usarem os recursos descontados dos trabalhadores para pagar a Previdência e não para manter privilégios, não há déficit.
O problema, dizem os comentaristas, é a má administração, os roubos, as aposentadorias do Judiciário e dos políticos, a falta de coragem de mexer com as aposentadorias dos militares, o desvio de recursos que deveriam ser da Previdência para outras finalidades no governo.
Se essa discussão for uma amostra do estado de espírito dos brasileiros que têm acesso ao Facebook, o governo Temer pode estar fazendo algo semelhante ao que Dilma fez no início do segundo mandato. Com medidas que reduzem direitos dos trabalhadores, se indispõe com o que poderia ser sua base social, que odeia a corrupção e que acredita que o principal problema do país são os políticos. O fato de o presidente, um político de carreira, ter se aposentado aos 55 anos, não ajuda.
Esta caixa de comentários tem mais uma coisa interessante e diferente do tom que predomina em outras: argumentos. "Como a Previdência vai quebrar, se as contribuições são compulsórias e os Servidores Públicos Federais aposentados continuam contribuindo com a Previdência mensalmente desde o primeiro Governo de Lula quando o Congresso aprovou a MP que tornou Lei? A área econômica sempre quer tirar direitos dos trabalhadores, que é mais fácil do que cobrar das grandes empresas a sonegação, que a cada governo aumenta. A tecla sempre é a mesma, gastam sem medida e deixa para a população a conta para pagar. Que reforma é essa, que só atinge a classe trabalhadora e continua os benefícios para os militares e altas autoridades?", diz o mais curtido deles.
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