PACOTE DE MALDADES

Manifestantes desocupam Alerj após duas horas de protesto contra medidas fiscais

Trabalhadores ocuparam o plenário da Alerj e discursaram contra as medidas de corte de gastos

Agência Brasil |
Manifestantes protestam contra o pacote que prevê o desconto de até 30% dos salários
Manifestantes protestam contra o pacote que prevê o desconto de até 30% dos salários - Tomaz Silva/ Agência Brasil

Um grupo de manifestantes que ocupou o prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro na tarde de terça-feira (8), em protesto contra o pacote de medidas econômicas proposto pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), desocupou o prédio pacificamente, às 17h, após cerca de duas horas de manifestação.

A maioria dos manifestantes era de representantes de policiais, bombeiros e agentes penitenciários. Eles ocuparam o plenário da Alerj e discursaram contra as medidas de corte de gastos.

Do lado de fora, milhares de manifestantes continuam protestando contra o pacote, que prevê o desconto de até 30% dos salários e aposentadorias de servidores estaduais.

Antes de sair, o grupo que ocupou o plenário deu as mãos, rezou um Pai Nosso e saiu pela porta da frente da Alerj cantando o Hino Nacional. Os manifestantes foram recebidos com muitos aplausos da multidão que protesta do lado de fora do edifício.

O prédio da Alerj, que é patrimônio histórico, sofreu algumas avarias, com portas arrombadas, vidros quebrados e móveis danificados. A sala da vice-presidência foi totalmente depredada.

Em nota, o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), disse que a “a invasão do plenário da Alerj é um crime e uma afronta ao Estado Democrático de Direito sem precedentes na história política brasileira e deve ser repudiado. Esse é um caso de polícia e de Justiça e não vai impedir o funcionamento do parlamento”.

Segundo Picciani, os prejuízos ao patrimônio público serão “registrados e encaminhados à polícia para a responsabilização dos culpados”.

Pacote de maldades

O pacote de medidas anunciado por Pezão inclui 22 projetos de lei já publicados no Diário Oficial. Um dos principais pontos é o aumento da contribuição previdenciária. Além desse aumento, a proposta do governo é que todos os servidores, incluindo aposentados e pensionistas que ganham menos de R$ 5.189, atualmente isentos da taxa, tenham um desconto previdenciário extra por 16 meses.

O policial militar Josué Divago disse que o protesto é para que os servidores tenham seus direitos respeitados, assim como o posicionamento em geral da classe contra o pacote de medidas do Estado. Divago lembrou que o aspecto psicológico, já pesado, que os militares enfrentam em seu dia de trabalho soma-se agora com a preocupação pelo futuro das próprias famílias.

“Estamos exigindo que nossos direitos sejam respeitados. Do jeito que está, não tem nenhuma condição de continuar. Nós já vivemos em uma tensão constante que é não saber se voltaremos para casa no fim do expediente e agora, além de não recebermos, seremos descontados no pouco que ganhamos. E quando ganhamos, há de se ressaltar. Um bom pacote seria a redução dos salários dos políticos que estão lá na Alerj e até do próprio Pezão. Por que não?”, indagou.

A aposentada da área de saúde do estado, Maria das Graças, se mostrou indignada com o que ela chamou de “pagar o pato” por conta de uma má administração do governo estadual. Maria disse que, com os descontos em seu salário, ficará impossível cuidar da própria saúde, setor em que ela trabalhou por mais de 20 anos.

“Eu recebo R$ 900 de aposentadoria e serei descontada em R$ 300. Como viver com R$ 600? Será que o Pezão viveria com isso? Essa quantia não dá conta de, por exemplo, arcar com meu plano de saúde. Isso me entristece demais, pois passei grande parte da minha vida trabalhando em prol dessa área e agora eu tenho que recorrer aos planos privados, já que o Estado está sucateado e nos sucateando”, lamentou.

Em nota divulgada na segunda-feira (7), o procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Vieira, disse que as medidas, caso aprovadas, poderão produzir efeitos penosos e imediatos sobre a população em geral e não apenas sobre o funcionalismo público estadual. Já a assessoria de imprensa do Governo do Estado disse que não irá se posicionar diante desta nova manifestação e das acusações realizadas durante a mesma.

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