Na terça-feira 01 de novembro, uma grande caminhada dos terreiros, no Marco Zero do Recife, marcou o início do mês da consciência negra na capital pernambucana. Durante todo o mês de novembro, uma série de atividades estão sendo programadas com o objetivo de denunciar o racismo e fortalecer o povo negro. O caráter de urgência da pauta é reforçado com histórias como a de Ronald Santos Cruz, vítima de racismo na Internet, que começou na semana passada.
Na quarta (26), Ronald, 19 anos, estudante do 2° período do curso de Rádio, TV e Internet de uma faculdade particular de Olinda, compartilhou a imagem de uma menina negra, em frente a uma vitrine de mochilas escolares com estampa de uma boneca loira, segurando um cartaz que tinha escrito: “Não me vejo/ Não compro!”. Ele afirma: “compartilhei porque me vi naquela imagem. Nós negros não somos representados na mídia, no comércio, em canto nenhum. É muito forte isso. Por exemplo, sempre quis ter uma camisa do Super Shok e nunca encontrei nas lojas. Se você chegar na Riachuelo vai encontrar o Super Homem, Batman. Existem poucos personagens negros nos desenhos animados”.
No começo, sua postagem teve compartilhamentos de pessoas que se sentiam representadas na imagem e comentários positivos. No entanto, Ronald foi informado por um amigo que estavam fazendo comentários racistas contra ele e a menina da imagem em um outro grupo. Ele tirou prints dos comentários e fez uma outra postagem no seu perfil.
“Aí começou o ataque mesmo. Fui bloqueado por 7 dias pelo Facebook e não pude mais responder e nem conversar. Só podia ver o que estavam falando. Já se passou uma semana e ainda tem gente comentando. São coisas horríveis e lamentáveis. Desde gente dizendo que sente saudades de Hitler até um que dizia que os negros são bons, mas pena que não são mais vendidos”, explica.
Ronald conta que recebeu apoio de uma professora e está no processo de fazer a denúncia na Polícia Federal. “Estou juntando os comentários todos para levar. Mas eu fico com receio. Tenho medo de que não dê em nada”, afirma. O apoio dos seus amigos e familiares tem fortalecido o estudante nesse processo.
Essa é a primeira vez que ele sofre um ataque tão forte. No entanto, ao longo da sua trajetória, as piadas dos amigos sobre sua cor e seu cabelo o faziam ficar mal. “Hoje vejo racismo no olhar das pessoas. Por isso, temos que lutar todos os dias para que isso acabe. Esse mês é super importante para visibilizar esse problema”, conclui.
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