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Movimentos de moradia criticam conduta de Crivella em despejo violento de família

Crivella diz que vai cuidar dos pobres, mas despejou com violência uma família do terreno da Igreja Universal

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Crivella foi fichado e preso pela Polícia Civil após tentar despejar à força uma família
Crivella foi fichado e preso pela Polícia Civil após tentar despejar à força uma família - Reprodução

Nesta semana, veio à tona mais um escândalo envolvendo Marcelo Crivella (PRB), candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro. Os jornais e revistas estamparam fotografias do político depois de ser fichado e preso pela Polícia Civil. Nos últimos dias, a cobertura e os comentários sobre o caso ficaram focadas na prisão e pouco se falou sobre o episódio que o levou à cadeia.

Crivella foi preso há 26 anos após tentar despejar à força a família de Nilton Linhares, que havia construído sua casa em um terreno da Igreja Universal do Reino de Deus, em Laranjeiras. Nilton era vigia do terreno em desuso e construiu a casa com material cedido pela própria igreja. Anos depois, quando a Universal exigiu o terreno de volta para construir um templo no local, Nilton reivindicou o direito de posse e se recusou a sair.

De acordo com o inquérito aberto por Nilton, que estava desaparecido desde 1990, Crivella arrombou a porta da casa com um pé de cabra, acompanhado de seguranças armados e ameaçando toda a família. O candidato, que era engenheiro responsável pela construção do templo, confirmou o episódio, mas alegou que não tocou nas pessoas.

“Tanto o Crivella quanto o Aldir Cabral (PRB), seu aliado, tem histórico de perseguição aos sem teto, apoiando truculentos despejos. Sabemos das posturas obscurantistas deles. São contra reforma agrária, contra reforma urbana, a favor da quebra da Petrobrás. Se Crivella for eleito, tudo o que há de ruim vai piorar no Rio de Janeiro”, afirma André de Paula, advogado da Frente Internacionalista dos Sem Teto (Fist).

Na avaliação de Marcelo Edmundo, diretor da Central de Movimentos Populares (CMP), a atitude de Crivella comprova que o político sempre esteve interessado em defender os direitos do mercado imobiliário.

“Ele expulsou brutalmente o vigia do local, que havia construído sua casa há anos. Não se pode esperar justiça desta figura. Isso só confirma o que já sabíamos. Se ele for eleito, será muito complicado para a cidade. Ele não estará preocupado em mediar conflitos, mas sim em dar porrada em camelô, porrada em sem teto, porrada nos mais pobres”, afirma.

Na ocasião, após a tentativa de despejo violenta, a polícia foi acionada e Crivella foi preso em flagrante por invasão de domicílio. À noite, saiu com a condição de voltar no dia seguinte. Quando voltou, foi fotografado e passou mais quatro horas detido.

“Nós que defendemos o direito à moradia, não acreditamos em nada do que ele fala, principalmente quando diz que vai cuidar das pessoas. Ele preferiu usar da violência sem dar condições da família ser atendida, então, podemos presumir que ele não vai cuidar de pessoa nenhuma”, afirma Cláudio Pereira, da União por Moradia Popular (UNMP), acrescentando que os sem teto não darão descanso, caso Crivella seja eleito.

“Esse governo golpista não terá trégua. Ele votou a favor do impeachment que tirou a presidenta Dilma. Apoiou o golpe de um governo que possibilitou a milhares de pessoa viverem em condições melhores do que viviam, com moradia digna e saneamento. Ele votou pela PEC 241 e pela retirada de direitos das famílias que mais precisam. Crivella não quer cuidar das pessoas e sim do empresariado”, explica Cláudio Pereira.

Já Victor Guimarães do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) garante que novas ocupações serão feitas como forma de resistir, caso Crivella seja eleito.“Com a crise, cada vez mais pessoas que moram de aluguel vão precisar de uma de lugar para morar. Vamos ocupar os terrenos abandonados que Crivella defende deixar para a especulação imobiliária. Nossa resposta ao seu governo conservador virá em forma de luta”, afirma.

Em nota, a assessoria de Crivella tenta minimizar o caso. "Na ocasião, Crivella, como engenheiro, tentou entrar em um terreno da Igreja Universal que tinha sido invadido (sic) em Laranjeiras. Na confusão, acabou sendo levado para a delegacia, onde o delegado mandou fazer as fotos para identificá-lo".

Edição: Vivian Virissimo

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