Democratizar. No dicionário, “conduzir à democracia, tornar-se popular, ao alcance do povo, da maioria da população”. Numa conjuntura de golpe, é essencial pensar como os meios de comunicação precisam urgentemente ser democratizados. As 11 famílias que atualmente hegemonizam a mídia brasileira não dão conta de expressar o samba, o maracatu, os cortejos, romarias, cordéis e todas as outras manifestações culturais do povo brasileiro.
Conduzir a mídia à democracia é romper as cercas da desinformação para oferecer um conteúdo de qualidade, comprometido em formar e informar o povo brasileiro, fazendo ecoar sua voz. É ir de encontro a mídia que invisibiliza a luta por direitos, que criminaliza os movimentos sociais e deslegitima as greves, mostrando que é do lado dos patrões que ela samba.
É no esforço de fazer com que a mídia se torne cada vez mais popular que o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação completa 25 anos. A movimentação que iniciou na década de 1980 incluindo o Capítulo V na Constituição, garantindo a liberdade expressão e o fim da censura, além de impedir que os meios de comunicação sejam objeto de monopólio se expressou nacionalmente na Semana Pela Democratização da Comunicação, com debates e atos nas universidades e na Câmara.
Para estar ao alcance do povo, não basta estar acessível ao consumo, mas também na produção. Assim, o papel das rádios comunitárias, em especial no interior do estado é de contrapor a grande mídia e produzir conteúdo comprometido com a comunidade, sendo um amplificador da voz do povo, especialmente nas periferias. Mesmo com todas as dificuldades burocráticas e financeiras e até mesmo com a criminalização da radiodifusão os meios de comunicação comunitários resistem ao silenciamento imposto pela mídia.
Ao mesmo tempo em que o Ministério das Comunicações não define ou incentiva a sustentação financeira dos meios comunitários, só em 2016 a grande mídia recebeu em 70% dos 161 R$ milhões do governo destinados aos veículos de comunicação. Essas práticas reforçam o monopólio, tendo em vista que meios que tem possibilidade de sustentar financeiramente recebem grande parte da verba e meios que dependem basicamente do esforço da comunidade até mesmo para manutenção dos equipamentos não recebem nenhum incentivo.
O poder político também está ligado ao monopólio das comunicações no Brasil. Hoje, a maioria das concessões de rádio e TV estão ligadas a parlamentares ou seus familiares, o que não é permitido pela Constituição. Dessa forma, as pessoas que elegemos para nos representar infringem as leis e exercem sua influência, tornando a mídia uma extensão de sua visão política, o que impacta diretamente no direito à liberdade de expressão.
A comunicação, assim como a saúde e educação precisa ser encarada como um direito humano. Por isso, há cerca de um ano, o Brasil de Fato Pernambuco vem se colocando como um meio de comunicação que ecoa a cultura, política, educação e a vida do povo pernambucano. Também nos comprometemos pela democratização da mídia e fim do monopólio político e econômico sobre os meios. Para nós, democratizar a sociedade e os meios de comunicação é a ordem do dia.
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