Rio de Janeiro

AGROECOLOGIA

Artigo: o povo não é bobo, e quer comida sem veneno

Greenpeace divulgou uma pesquisa realizada pelo Ibope que revela a preocupação da população em relação aos agrotóxicos

Recife (PE) |
É fundamental eleger nos níveis municipais prefeitos e vereadores que incentivem a agroecologia
É fundamental eleger nos níveis municipais prefeitos e vereadores que incentivem a agroecologia - Charge Latuff

A maré do agronegócio não está mesmo pra peixe. Ainda em meio à crise de commodities, os grande produtores rurais amargam não só prejuízos financeiros, mas também uma crise na sua imagem.

Prova disso são os diversos investimentos feitos pelos ruralistas em propaganda para melhorar sua imagem. Exemplos vão desde a campanha “Sou Agro”, que contratou figuras como Pelé, até a novela "Velho Chico", que busca subliminarmente associar o agronegócio a práticas agrícolas sustentáveis.

Mesmo assim, pesquisas de opinião demonstram que a população não se deixa enganar facilmente.

Nesta semana, o Greenpeace divulgou uma pesquisa realizada pelo Ibope que revela a preocupação da população em relação aos riscos de se comer comida envenenada.

Utilizando uma metodologia semelhante a das pesquisas eleitorais, 2002 entrevistas foram feitas em 142 municípios do Brasil.

O resultado não deixa dúvidas: 81% das pessoas consideram que a quantidade de agrotóxicos aplicados nas lavouras é “alta” ou “muito alta”. Isso demonstra que não existe um “preconceito contra os agroquímicos”, como dizem os ruralistas, mas sim uma consciência elevada sobre a forma como acontece a grande produção agrícola no Brasil.

A pesquisa aproveitou o período eleitoral para perguntar sobre a importância das políticas de incentivo à produção sem venenos. Nesse caso, 82% da população brasileira considera “muito importante” que um político apresente propostas para a introdução de alimentos sem agrotóxicos da merenda escolar da rede pública.

Além disso, quase 60% dos entrevistados afirmam que um político ter como prioridade a introdução de alimentos sem agrotóxicos nas escolas gera uma imagem pública mais positiva dele.

Há muitos anos, organizações da sociedade alertam para os perigos dos agrotóxicos e transgênicos no Brasil. Esta pesquisa demonstra que o resultado das denúncias está surtindo efeito, bem como os rápidos avanços da agroecologia como forma de produção de alimentos saudáveis.

A pressão popular conquistou enormes ganhos em termos de políticas públicas durante o governo PT, mas que estão ainda longe de serem suficientes.

Assim, corroborando com a opinião da maioria dos brasileiros e brasileiras, é fundamental eleger nos níveis municipais prefeitos e vereadores que incentivem a agroecologia. É nas cidades que são geridos a maior parte dos recursos de alimentação escolar, por exemplo, onde a vontade política pode direcionar os recursos para a agricultura familiar agroecológica.

Por isso, é fundamental cobrar do seu candidato ou sua candidata posições claras em favor da agroecologia como estratégia de justiça social, saúde e educação.

Alan Tygel é da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

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