As possibilidades de acabar a guerra entre as FARC-EP e o governo colombiano são cada vez mais concretas. Além da assinatura do Acordo Geral de Paz entre guerrilha e governo no dia 26 de setembro, no sul da Colômbia aconteceu a 10ª Conferência Nacional Guerrilheira para definir o trânsito da luta política armada a uma luta legal, estruturada sob um novo partido político legal, que tem como principal objetivo contribuir com a consolidação da democracia.
Tudo indica que, com a vontade das partes e o acompanhamento da comunidade internacional, a implementação dos acordos de paz pode avançar de forma satisfatória. No entanto, ainda é preciso levar em conta a maior e principal força que pode vir a consolidar a paz com justiça social: a participação do povo colombiano.
Durante todo o processo de diálogo da Havana, que durou mais de quatro anos, diversas organizações populares e de vítimas conseguiram participar dos fóruns propostos pelo governo e as FARC-EP, ou viajar diretamente até Cuba para expor seus sentimentos, dúvidas e propostas.
O próximo cenário de participação popular é o Plebiscito pela paz, no qual o povo colombiano vota se está de acordo ou não com os acordos alcançados na mesa de diálogo. As votações se realizarão em 2 de outubro e, embora as opiniões estejam divididas, a intenção de voto pelo "sim" é maior, segundo os últimos dados publicados pela grande mídia colombiana.
No Brasil, liderados pela Marcha Patriótica e por outras organizações colombianas, tem se convocado movimentos populares e partidos políticos para contribuir na construção da paz no país vizinho. Festas, peladas de futebol, churrascos, saraus, fórum, debates e muitas outras atividades têm sido realizadas de forma permanente, tentando contribuir com a “pedagogia de paz”. Em Vitória (ES), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Foz de Iguaçu (PR) e Porto Alegre (RS) o fim da guerra na Colômbia têm sido tema de análise e solidariedade.
No Rio de Janeiro, as últimas atividades foram uma “pataconada” (comida típica colombiana) pela paz, realizada na favela da Babilônia, e o Sarau pela Paz, realizado na Praça Marechal Âncora, perto da Praça XV. No sarau, teve poesia, violão, dança afro-latina, camisas estampadas, jogos pela paz e um show em vivo de salsa com a banda Mango Bambo. Já, durante a jornada, os participantes podiam experimentar comidas típicas como “arepa” e “lechona”, enquanto conversavam sobre o possível futuro da Colômbia.
Em 26 de setembro, quando se assinará o Acordo Geral na cidade de Cartagena, a comunidade colombiana no Rio de Janeiro (RJ) se dispôs a realizar um “Brinde pela paz”. A pousada Abacateiro na zona sul é o lugar da comemoração.
Finalmente, o 2 de outubro, data na qual se vota o plebiscito, será realizada no Rio de Janeiro uma votação simbólica coordenada pelas organizações colombianas, na que se espera ter maior participação que a votação realizada no consulado colombiano. Embora neste cidade morem aproximadamente 4 mil colombianos, pouco mais de 300 podem votar, pois os trâmites exigidos pelo consulado deixaram sem chance a grande maioria.
De acordo ao planejado, no Rio de Janeiro a "pedagogia de paz" continuará para além da votação do plebiscito, enquanto que a construção de um país em paz com Justiça social, até agora está começando, e precisa da solidariedade internacional.
* Sergio Quintero Londoño é da Marcha Patriótica da Colômbia, capítulo Brasil.
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