O tempo passou na janela e Geraldo não viu. Avaliar a gestão da cultura no Recife é meio óbvio: sofrível. Políticas extintas, o orçamento murchou. Do privilégio de ser prefeito, Geraldo se fez passivo.
Geraldo não precisava se colocar à frente do seu tempo, bastava desfrutá-lo. No seu mandato, um movimento de impacto global tratou de paisagem, mobilidade, memória - questionou o modelo de desenvolvimento urbano: Ocupe Estelita. Encolhido na retórica da “legalidade”, tese que veio por terra, perdeu o bonde da história.
Você pode até achar que estou tergiversando, mas cultura abrange o conjunto das expressões da sociedade. Gestão pública no Brasil privilegia o poder econômico, que por sua vez é conservador e não compreende a cultura como estratégica para a economia.
Objetivamente, o Plano Municipal de Cultura foi deixado de lado. A maioria das deliberações da sociedade pactuadas com o governo não se materializou.
Se Derlon amplificou a xilogravura em paredões pelo mundo, o SPA das artes, laboratório e difusor das artes visuais paralisou no último ano da gestão de João da Costa. Geraldo teve chance de se diferenciar, só que não, o projeto nunca mais voltou.
Pontuemos que o cinema pernambucano ganhou o mundo, contando com incentivo público estadual - FUNCULTURA. , Geraldo acabou com o Sistema de Incentivo à Cultura (SIC).
O Teatro do Parque está fechado há seis anos! O Teatro Barreto Júnior, idem.
Se o Frevo é patrimônio imaterial da humanidade, o gênero carece de reinvenção e incentivo. O prefeito encerrou o concurso de música carnavalesca. Por outro lado, finalizou no início do seu governo a obra do Paço do Frevo.
A Rádio Frei Caneca entrou no ar a pouco. Ufa! É de se comemorar. Só que sem equipe e orçamento. O conteúdo é reprodução mecânica de músicas, de muito bom gosto por sinal.
O argumento da crise tanto é contradito pelos números.
Recife merece mais... e não é chavão de marqueteiro.
Edição: ---
