O debate sobre a defesa das empresas públicas frente aos ataques privatistas do governo interino de Michel Temer foi o principal tema da entrevista. A terceirização e as metas abusivas impostas aos trabalhadores também permearam o diálogo. Confira.
Como está se dando a ofensiva para privatização dos bancos?
Essa tese da privatização vem desde Fernando Henrique Cardoso, no governo dele houve todo um desmantelamento dos bancos públicos, sucateamento, não contratação e ampliação da terceirização. Eles queriam privatizar, quando o governo Lula ganha a eleição houve uma retomada do crescimento desses bancos fizemos um ajuste de conduta para serem contratados concursados e não terceirizados. Então neste período os bancos públicos cresceram, contrataram e cresceu também o número de agências. Agora com esse governo golpista e provisório de Temer que em três meses está destruindo tudo, volta novamente esse debate da privatização, sugerindo a fusão entre o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF) e nós somos contra porque cada um tem sua especificidade e ambos são importantes para a sociedade brasileira. O Banco do Brasil tem um papel de fomento ao desenvolvimento das pequenas empresas e no caso da Caixa é quem faz o atendimento dos programas sociais e é o único banco que lida com a questão da casa própria popular e a gente sabe o que significa a privatização, significa que a população brasileira não vai ter acesso a banco, porque nos bancos privados os pobres não podem entrar.
Então estamos nessa luta vamos fazer o lançamento da Campanha “Se é público é para todos” dia 16.08 com o debate dos bancos públicos, mas é também uma defesa das empresas públicas porque a gente sabe que outro alvo que esse governo quer atacar é o pré-sal e a Petrobrás, além dos Correios e das outras empresas públicas. O governo de Temer quer acabar com o serviço público, eles querem privatizar o Estado. Então o Banco do Brasil, a Caixa e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) estão nesse leque. Sobre o BNB eles fizeram um estudo e querem transformar o BNB em uma agência de fomento, quase um braço da Sudene. Nossa luta vai ser combater a privatização dos bancos públicos, combater as privatizações que ele quer fazer no Brasil e da Soberania.
Entre os bancos públicos a CEF tem sido o mais atacado, porque isso acontece?
O BB já é Sociedade Autônoma Mista e o BNB também. A Caixa ainda é uma empresa 100% pública. No próprio governo Dilma houveram debates de se venderem partes da Caixa, nesse movimento de privatização e os bancários da Caixa junto com o Sindicato e as Associações começaram a se organizar na defesa da CEF desde o início de 2015, então o governo Dilma recuou dizendo que não ia mais privatizar a Caixa. Agora com Temer se retomou esse debate e nós estamos em uma ofensiva para cima do governo. Fizemos mobilização com os parlamentares e com a categoria para evitar essa privatização. Defender a Caixa 100% pública é defender o Brasil.
Voltando na Campanha, além do lançamento quais serão os desdobramentos dela?
Os trabalhadores da CEF, do BNB e do BB já criaram comitês de defesa dos bancos que estão fomentando o debate para dentro da categoria. Eles estão convencendo os colegas que os bancos públicos são de todos e, independente, do cargo que eles ocupam precisam estar mobilizados para fazer esse enfrentamento. Então a ideia da Campanha “Se é público e para todos” é para dialogar mais amplamente com a sociedade. O lançamento em Recife será no Sindicato dos Bancários (Av. Manuel Borba, 564), dia 16, às 19h e vai contar com uma palestra de Emir Sader, ele vai lançar o livro dele “Brasil que queremos” e nós vamos lançar a Campanha com material para a sociedade e para os bancários. Porque essa é uma luta que não é só do Sindicato, nem só dos Bancários, essa é uma luta que queremos trazer a sociedade para junto.
Qual será o impacto da Reforma da Previdência para a categoria dos bancários caso ela seja implementada pelo governo interino de Temer?
O impacto dessa reforma é o aumento da precarização do trabalho. O governo quer economizar prejudicando o trabalhador. O que dá prejuízo hoje no brasil não é a previdência são as grandes empresas que sonegam. A nossa defesa é pela previdência gratuita e de qualidade.
Quais as principais formas de precarização da profissão de bancários?
Nós estamos combatendo a terceirização. Nós temos conseguido alguns avanços em alguns bancos que eram terceirizados e entraram para categoria. Outro ponto é a questão das metas abusivas e do assédio moral. Hoje o bancário é vendedor de produtos, um batedor de metas, uma meta que nunca tem fim. Há um grande adoecimento dos bancários na área da saúde mental por conta das metas abusivas e tem crescido inclusive nos gerentes. Hoje um dos nossos maiores desafios é esse da saúde mental dos trabalhadores.
Quais as expectativas de lutas nos próximos períodos?
Primeiro tem que ter mais gente na rua e mais diálogo com a sociedade e dizer que o que está acontecendo vai mexer com a vida e o futuro de todos. Um jovem hoje não vai poder se aposentar se passa essa reforma da previdência. Precisamos estar muito fortalecidos, organizados e preparados porque vai haver uma perseguição muito grande aos movimentos sociais e ao movimento sindical.
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