Um cheque apreendido pela operação Alba Branca, que apura o esquema de desvios na compra de merenda para escolas públicas em São Paulo (a chamada Máfia da Merenda), revelou que a cooperativa suspeita de fraudar licitações pagou o valor de R$50 mil a ex-assessores do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Fernando Capez (PSDB).
O cheque, da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), foi feito em nome de José Merivaldo dos Santos, que foi assessor do gabinete de Capez entre 2010 e 2011, e da liderança do PSDB na assembleia de 2013 a 2015.
Além do cheque, um contrato de gaveta feito entre a cooperativa e outro ex-assessor de Capez, Jéter Rodrigues Pereira, também faz parte da propina, segundo os investigadores.
A operação Alba Branca, que também apura negócios entre a entidade e outros 22 municípios do interior paulista, foi deflagrada em 19 de janeiro pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, quando ex-dirigentes da cooperativa confessaram fraudes em licitações em pagamento de propinas.
Histórico
Pereira trabalhou no gabinete de Capez de 2013 a 2014, quando um contrato de R$ 200 mil conferiu ao assessor a condição de "consultor para relação comercial" junto à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.
O contrato é de agosto de 2014, período eleitoral, e também menciona o cheque de R$ 50 mil, que seria a primeira parcela do valor acordado. Segundo a investigação, isso indica que Merivaldo e Pereira atuaram juntos.
Em entrevisa para o jornal A Folha de S. Paulo, Merivaldo negou que o cheque seja de propina ou relacionado à Coaf, e Pereira não quis comentar o teor do contrato de gaveta.
Contexto
A Alba Branca investiga o esquema de corrupção e superfaturamento entre a Coaf e a Secretaria de Educação do governo Alckmin para fornecimento de R$ 11,4 milhões na compra de produtos agrícolas destinados à merenda escolar, principalmente suco de laranja integral. Nesta terça-feira (9) foram ouvidas quatro autoridades que investigaram o caso.
Segundo a denúncia, a cooperativa contratava "lobistas" que atuavam junto aos governos, pagando propinas a agente públicos em troca do favorecimento nos contratos.
Após protestos do movimento de estudantes secundaristas, a Alesp instalou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o esquema.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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