O governo da Turquia decretou nesta quarta-feira (27) o fechamento de 131 grupos midiáticos. Três agências de notícias, 16 emissoras de televisão, 23 emissoras de rádio, 45 jornais, 15 revistas e 29 editoras foram afetados pela medida.
A lista completa dos veículos fechados foi divulgada pela CNN Türk. Entre eles está a emissora pró-curda IMC TV e o Zaman, publicação confiscada em março pelas autoridades turcas por conta da relação dela com o líder do movimento social-religioso Hizmet, o clérigo Fethullah Gülen. Parte dos antigos jornalistas da publicação também foi presa também nesta quarta.
Segundo o jornal local Hürriyet Daily News, a detenção dos 47 profissionais do Zaman foram parte de uma investigação sobre Gülen, exilado nos EUA, e que é acusado pelo governo turco de organizar a tentativa de golpe militar no último dia 15 no país. O clérigo nega as acusações.
O decreto é parte de uma série de medidas de "limpeza" sendo tomadas pelo governo turco após a tentativa fracassada de golpe, o que inclui uma onda de demissões e prisões, facilitadas pela declaração de estado de emergência no último dia 20.
Só nesta quarta, as autoridades turcas anunciaram a dispensa de mais 2.400 funcionários militares, sendo 726 oficiais e 1.684 soldados. Até o momento, já foram demitidas mais de 50 mil pessoas e ao menos seis mil foram presas.
Segundo o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o estado de emergência durará três meses e foi convocado para facilitar a prisão daqueles que tomaram parte no golpe. Na prática, esta medida pode ser usada como pretexto para suspender direitos e liberdades individuais — o mandatário até cogitou a pena de morte para os militares que participaram do levante e suspendeu, no dia seguinte à declaração, a Convenção Europeia de Direitos Humanos que aconteceria no país.
Edição: ---