A Frente Povo sem Medo (FPsM) defendeu, durante coletiva de imprensa desta quinta-feira (14), o plebiscito para novas eleições presidenciais e convocou um ato nacional contra Michel Temer para o próximo dia 31.
"Nós entendemos que o povo tem que ser chamado a decidir porque há um golpe no país que colocou um presidente por via indireta, que não foi eleito por ninguém. Nós entendemos que o sistema político do Brasil está pobre, falido. Só uma nova eleição não vai resolver os nossos problemas. Há um consenso amplo de que é preciso uma reforma política profunda. E esse é o debate que colocamos quando falamos de radicalização da democracia. Que é preciso que o povo seja chamado a decidir sobre os temas fundamentais, inclusive sobre o sistema político que precisa ser alterado", afirmou Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e membro da FPsM.
A própria presidenta Dilma Rousseff trouxe à tona a proposta durante uma entrevista em junho. A ideia, no entanto, não é consenso entre os movimentos que têm puxado as mobilizações em torno do mandado dela. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que compõe a Povo sem Medo e a Frente Brasil Popular, é contraria o plebiscito, e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) avalia que as novas eleições legitimariam o golpe.
“A ideia do plebiscito pode representar uma alternativa que já foi comprovada pelas pesquisas. Que o povo quer muito mais novas eleições do que o próprio Michel Temer. E, a partir disso, a mobilização do dia 31 é um jeito de levar essa discussão de norte a sul do país. Entendendo que o plebiscito se soma, obviamente, a defesa por reformas populares e por direitos”, afirma Débora Cavalcante, da Frente e do Coletivo RUA- Juventude Capitalista.
Além da convocação de novas eleições, a FPsM definiu outros dois eixos para a próxima etapa de luta contra o golpe: o "Fora, Temer" e a radicalização da democracia e dos direitos.
Atos do dia 31 de julho
No próximo dia 31 (domingo), acontecerá uma jornada nacional de manifestações contra o governo interino de Michel Temer. Para o mesmo dia, estão marcados os atos do Movimento Brasil Livre (MBL), que deu amplo apoio ao processo de impeachment.
Em São Paulo, o ato da FPsM será no Largo da Batata, em Pinheiros, a partir das 14h, enquanto o do MBL está marcado na Avenida Paulista.
Boulos explica que a data é proposital, mas não há interesse da Frente em promover confronto.
“O que nós queremos é que as pessoas possam escolher, no dia 31, para onde elas querem ir. Se querem ir para o ato do ‘Fica Temer’ ou do ‘Fora Temer’. Se querem ir pro ato chapa branca, financiada pelo PSDB e pelo DEM, como já ficou comprovado. Ou se elas querem ir para um ato que defende que este governo ilegítimo e que propõe retrocessos brutais seja retira e que o povo possa decidir as saídas para a situação política do país”, explicou.
Na pauta de reivindicações do MBL, não há menção aos indícios de corrupção envolvendo ministros e ex-ministros da gestão Temer, apesar de a corrupção ter sido o principal mote das manifestações que antecederam o afastamento de Dilma. A pauta da reivindicações inclui o fim do foro privilegiado; a privatização dos Correios e da Petrobras; a expulsão da Venezuela do Mercosul; criação das CPIs da UNE e da Rouanet; e a aprovação do projeto Escola Sem Partido.
Para a Frente Povo sem Medo, o ato do MBL é, na prática, um "Fica, Temer". "A pauta que eles defendem é a pauta que o povo defende? Eu vou a locais de trabalho e o que o povo defende é mais direitos", afirma Janeslei Albuquerque, membro da FPsM e secretária de Relações com Movimentos Sociais da CUT.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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