Em 2010, o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar a Olimpíada de 2016. A estimativa de gasto era de 28,8 bilhões de reais. Hoje, dizem que o investimento passa de 39,1 bilhões. Cadê esse dinheiro? O metrô e o trânsito, em geral, estão piores e mais caros. O VLT não serve. O BRT fez o que era ruim parecer até bem planejado. O Maracanã nunca mais conseguiu ficar cheio, hoje em dia só frequenta quem é rico. E o Engenhão, que continua no fecha-não-fecha?
Diziam que as Olimpíadas promoveriam o esporte. Mas ninguém está esperando mais medalhas. Deve ser a mesma quantidade do Reino Unido e da China.
Dizem os organizadores que a imagem do Brasil vai ficar boa no exterior. Qual imagem? A das mortes de jovens que andam com sacos de pipoca? Dos desaparecimentos em unidades “pacificadoras”? Ou a das remoções?
Na Vila Autódromo, Dona Penha recusou um “cala boca” de 2 milhões de reais e não entregou sua casa. Muitos moradores resistiram, só saíram debaixo de pancada, como milhares de famílias removidas. Lá construíram prédios só para os jogos, que depois vão ser vendidos. Vale a pena tirar quem viveu lá por mais de 50 anos para isso?
Pan-Americano, Copa e Olimpíadas fazem parte do ciclo dos megaeventos. Foram feitos de uma vez para os governos e os empresários terem carta branca para mexer na cidade toda. Não é o esporte que conta, nem a cidade. Tudo foi decidido de olho no lucro.
Além das remoções, há ainda as mortes, os tiroteios, as ocupações militares. Nas ruas vemos exército, marinha, aeronáutica, polícia federal, guarda nacional, PM, Polícia Civil e 72 km de áreas restritas.
As linhas amarela e vermelha e Avenida Brasil estarão policiadas pelo exército. Várias estações do metrô e da Supervia serão ocupadas.
Para justificar a violência, falam de ameaça terrorista e ações do tráfico. Tudo para “garantir os jogos”. Parece que declararam guerra. Parece que não valeu a pena. E para coroar isso tudo, em junho, o governo do estado decretou “calamidade pública” para dar calote no povo e pagar os patrocinadores. Agora é hora de mostrar ao mundo todo que o Rio não aceita calado.
Vítor Guimarães é dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST-RJ)
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