No último final de semana (9 e 10 /7), Belo Horizonte foi palco da 4ª edição da Virada Cultural, marcada por protestos contra o governo interino de Michel Temer e contra a administração do prefeito Marcio Lacerda (PSB).
No palco principal do evento, na Praça da Estação, os rappers Flávio Renegado e Criolo deixaram clara a indignação causada pela cláusula oito do contrato proposto pela administração municipal, que proibia e penalizava qualquer tipo de manifestação de cunho político durante as apresentações.
Vestindo uma camisa que possuía os dizeres "Fora Temer" e "Cláusula oito", Renegado disse em seu show que a regra era inconstitucional por ferir o artigo 5º da Constituição Brasileira, que se refere à liberdade de expressão. "Nunca vão calar a voz do povo", afirmou o músico, entre couros que exigiam a saída imediata do ex-vice presidente e do prefeito de BH.
Já Criolo encontrou maneira sutil de se posicionar contra a cláusula. "Oi, tum, tum, bate coração. Oi, tum, tum", cantou o artista enquanto criticava a repressão do Estado.
No palco da rua Rio de Janeiro, o rapper Max B.O, que apresentou a entrada da baiana Karina Buhr, empolgou a plateia ao entoar discurso político. "Primeiramente, Fora Temer. Malandramente, Fora Temer. Ultimamente, Fora Temer" foram as palavras usadas por ele para apresentar a cantora, que subiu ao palco junto com sua banda e uma faixa contra o governo provisório. "É melhor eu acabar o show logo antes que me mandem parar, né?", ironizou Karina em alusão à cláusula oito. "Minha gente, quem votou nesse prefeito?", continuou a artista.
A banda mineira Câmera, que se apresentou na Praça Afonso Arinos, também deixou a sua contribuição e subiu ao palco com adesivos "Fora Temer" e "Fora Lacerda".
Manifestaram-se, ainda, o dramaturgo Zé Celso, o rapper Dexter, o bloco Então Brilha!, a cantora Elza Soares e o músico Chico César, que bradou na Guaicurus: "Saiam os Pinóquios Velhos com seu atraso".
Projeções e adesivos
Projeções com palavras de protesto também foram realizadas em prédios por toda a cidade, além de distribuição de placas contra a cláusula oito e o mandato de Lacerda. Mais de 20 mil adesivos foram compartilhados durante as 24 horas de programação.
"Essas ações foram organizadas por um grupo de pessoas da capital. A indignação foi potencializada pelo contrato da PBH e isso unificou as lutas e foi mais um estímulo para irmos às ruas", conta a integrante da Casa Fora do Eixo Minas e Mídia Ninja Irlana Toleto. Também foram levantados assuntos como a cultura do estupro, racismo, exclusão e genocídio da juventude negra.
Segundo dados oficiais, mais de 580 mil pessoas passaram pela Virada nos dois dias de evento.
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