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Festival pela Democracia promove cultura e consciência em São João del-Rei

O cenário barroco da cidade se tornou palco para manifestações Fora Temer

São João del-Rei |
Evento foi organizado por artistas, movimentos sociais e representantes da sociedade civil
Evento foi organizado por artistas, movimentos sociais e representantes da sociedade civil - Cecília Santos

São João del-Rei é conhecida por seu patrimônio artístico e cultural. E foi por meio da cultura que mais uma manifestação contra o governo interino de Michel Temer ocupou a cidade. No domingo (3) o cenário barroco de São João se tornou palco para manifestações de artistas no ato “Fora Temer – Cultura pela Democracia”. A partida foi dada pelo cortejo que saiu do Largo do Rosário em direção ao Largo do Carmo. Birutas com os dizeres “Fora Temer”, “É Luta” e “Cultura” enfeitaram de cores o céu sem nuvens, ao som dos tambores do Maracatu.
Durante todo o dia, dois locais abrigaram as performances: o Centro Cultural da UFSJ e o Largo do Carmo, onde atrações ininterruptas animaram o público durante dez horas. Músicos locais como Martelo de Pano, Cifras no Varal e Boêmios de Isis, artistas plásticos como Monge Junior e performáticos como Lucimelia Romão e Junio Carvalho e peças de teatro deram sua contribuição, todos de forma voluntária. Houve também espaço para o rap, que tomou o entardecer no Centro Cultural com um clima de combate e resistência.
O clima festivo, porém, não deixava esquecer a pauta – a todo o momento, artistas e público entoavam o pedido “Fora, Temer”. O evento foi organizado pelo coletivo #CulturaPelaDemocracia, formado por artistas, movimentos sociais e estudantis, e representantes da sociedade civil e contra o governo de Temer. O grupo é suprapartidário e sem lideranças. Segundo Yuri Vieira, músico e produtor cultural e um dos organizadores, cerca de 30 pessoas trabalharam na produção ou divulgação. Recursos e materiais foram emprestados por parceiros.
Luan Vasconcellos, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação, lembrou os retrocessos trazidos pelo governo atual, que prefere chamar de golpista e não de interino. São perdas sentidas nos setores sociais e culturais”. E emendou: “nada mais bonito que a gente ocupar as ruas pedindo mais democracia, mais cultura”. Luan ressaltou problemas na área dos direitos humanos, como crimes de ódio e “preconceitos aflorados”: “Com governo golpista a gente não negocia”, completou.
Arte e cultura pela democracia
Yuri explica: “A gente se uniu para fortalecer os movimentos que estão acontecendo no Brasil, e que vão denunciar essa situação política e afirmar o protagonismo da área da cultura no enfrentamento destas questões”. Ele acredita no poder transformador da cultura: “Ela toca as pessoas e perdura por um tempo na memória”. E considera que muita gente que comparece ao ato apenas pelo entretenimento acaba por absorver as questões políticas que estão sendo visibilizadas.
Rita Moreira também se apresentou na tarde do domingo no Largo do Carmo e concorda: “Eu acho que qualquer manifestação cultural chega às pessoas pela forma da sensibilidade. Para falar de um tema que é complexo. E a arte em si sempre foi uma forma de contestação do mundo”.
Mãe e filha, Eny e Rafaela Vasconcelos vieram de Barbacena assistir aos espetáculos. Rafaela, auxiliar de escritório avalia como positiva a presença da política do evento. “Eu acho que o evento é válido. Tem muitas situações envolvidas. O Brasil está em crise? Está. Mas já observou o que está acontecendo no mundo, o que foi feito antes disso, como foi o governo anterior, tudo que está em volta pra chegar nesse ponto?”, questiona. Sua mãe, Eny Vasconcelos, aposentada, confirma: “Na minha opinião, não adianta ficar julgando sem saber o que está realmente acontecendo”.

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