O secretário da Defesa dos EUA, Ash Carter, anunciou nesta quinta-feira (30) que pessoas abertamente transgênero poderão se alistar e servir nas Forças Armadas norte-americanas, cancelando uma proibição que até hoje excluía pessoas trans do serviço militar no país.
“Esta é a coisa certa a se fazer por nosso povo e por nossas Forças. Nós estamos falando sobre norte-americanos talentosos que estão servindo com distinção ou que querem a oportunidade de servir. Nós não podemos deixar que barreiras não relacionadas às qualificações de uma pessoa nos previnam de recrutar e manter aqueles que podem cumprir da melhor forma possível nossas missões”, afirmou Carter à imprensa.
Até o momento, pessoas abertamente trans não podiam se alistar nas Forças Armadas dos EUA, e aquelas que declaravam sua transgeneridade já dentro da instituição eram diagnosticadas com “disforia de gênero” e expulsas.
De acordo com Carter, essa prática já não será mais tolerada e membros já atuantes que ainda não são abertamente trans ou que estão em transição terão apoio médico e financeiro caso optem por tratamentos com hormônios ou pela cirurgia de redesignação sexual.
“Todos os cuidados médicos necessários serão providenciados pelo governo para os membros trans das Forças Armadas da mesma forma que seriam providenciados quaisquer outros procedimentos para oficiais não trans”, declarou o secretário de Defesa.
Carter também explicou que as instituições terão 12 meses para implementar as medidas necessárias para acomodar indivíduos trans, como preparar equipes médicas que deverão seguir um protocolo específico, criar uma cartilha de treinamento — responsabilidade do próprio Pentágono, que irá disponibilizá-la a partir do dia 1º de outubro —, e também treinar todos os membros das Forças Armadas norte-americanas para compreender a transgeneridade e acolher as pessoas trans.
“Não basta dizermos que pessoas trans podem se alistar; isso não gera inclusão. Temos que fazer o necessário para que isso se concretize e estamos trabalhando para isso”, disse o secretário.
A decisão foi comemorada pela comunidade de militares LGBT Sparta (Service Members, Partner, Allies for Respect and Tolerance For All). "Hoje o secretário Carter cumpre sua promessa de que qualquer americano qualificado para servir poderá servir. Os milhares de soldados, marinheiros, fuzileiros navais, pilotos — e seus comandantes — transgênero têm um fardo a menos sobre seus ombros", disse a presidente do grupo e ex-capitã do Exército, Sue Fulton.
Em outras medidas em prol da igualdade entre gêneros e orientações sexuais nas Forças Armadas dos EUA, Pentágono derrubou, no início desse ano, a exclusão de mulheres de certos cargos militares e combates, desde que elas passem nos exames de aptidão física necessários. Além disso, em 2011, uma lei que proibia que pessoas abertamente gays ou lésbicas servissem no nas Forças Armadas dos EUA foi revogada.
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