Estupro

Delegada conclui inquérito de estupro coletivo no Rio

Sete pessoas foram indiciadas por crimes como estupro de vulnerável e produção e divulgação de imagens

Rio de Janeiro |
Protesto contra a cultura do estupro na Avenida Paulista
Protesto contra a cultura do estupro na Avenida Paulista - Rovena Rosa/Agência Brasil

A delegada da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), Cristiana Bento, apresentou nesta sexta-feira (17) a conclusão do inquérito do caso de abuso sexual coletivo da adolescente de 16 anos. O crime ocorreu em uma favela da zona oeste do Rio de Janeiro na madrugada do dia 21 de maio. A Polícia Civil do Rio de Janeiro pediu a prisão preventiva de sete pessoas e encaminhou o caso ao Ministério Público.

Raí de Souza, indiciado por estupro e produção e divulgação de imagens e Raphael Assis Duarte Belo, indicado por estupro e produção de imagens, já estão presos. Os demais estão sendo considerados foragidos da Justiça, sendo eles: Sérgio Luiz da Silva Júnior, o "Da Russa" (estupro), Moisés de Lucena (estupro), Michel Brasil da Silva (divulgação de imagens), Marcelo Miranda Correa (divulgação de imagens) .

A Justiça também emitiu um mandado de busca e apreensão contra um adolescente identificado como Perninha, indiciado pelos mesmos crimes. A pena para o crime de estupro de vulnerável é de 15 anos de prisão, para produção de imagens da vítima é de oito anos e pela divulgação são 6 anos.

Investigação

Segundo a delegada, a apreensão do celular de Raí foi vital para a investigação. O aparelho foi localizado na residência de um amigo de Raí e através de áudios encontrados, a perícia confirmou que o acusado havia mentido em depoimento. Ele havia afirmado à polícia que um traficante conhecido como "Jefinho" teria sido o responsável por gravar imagens da vítima na cena do crime. O apelido do suspeito, entretanto, é "Perninha", de acordo com Cristiana.

O aparelho celular revelou ainda um outro vídeo do momento do crime. Em seu primeiro depoimento, Raí chegou a afirmar que havia destruído o aparelho, e o delegado original do caso, Alessandro Thiers, já havia encerrado as buscas pelo celular. Somente após a substituição de Thiers, acusado de machismo e desrespeito com a vítima, as buscas continuaram.

Cristiana afirmou que a apuração e a repercussão do estupro coletivo fará "história no país", pois revela seu caráter "hediondo" e fez com que a sociedade debatesse o "conceito da cultura do estupro". A delegada disse esperar que os indiciados recebam "penas exemplares". "Que sirva de exemplo para a comunidade que a mulher não é uma coisa e que deve ser respeitada. E que praticar sexo com adolescente ou qualquer mulher desacordada, que não possa oferecer resistência, é crime", ponderou.

A delegada destacou ainda que não é possível avaliar, por enquanto, a quantidade exata de pessoas que participaram do abuso. As investigações continuarão a procura de mais suspeitos no crime e traficantes da comunidade.

 

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