Na quarta-feira (8), 38 sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras de imprensa de toda a Argentina se mobilizaram na cidade de Buenos Aires, desde o Obelisco até o Ministério do Trabalho. O ato ocorreu para reivindicar o fim das demissões, contra a precarização do trabalho e por aumento dos salários.
A convocatória foi feita pela Mesa Nacional de Imprensa – um espaço articulado pelo Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (Sipreba, na sigla em espanhol), a Federação Argentina de Trabalhadores de Imprensa (FATPREN), a Federação de Trabalhadores da Cultura e da Comunicação (FETRACCOM), e pelo Círculo Sindical de Imprensa e da Comunicação de Córdoba (CISPREN), entre outros.
A pauta central da marcha foi “No dia do jornalista não queremos cumprimentos, queremos trabalho”. E, assim, se manifestou durante todo o percurso. Além disso, foi denunciada a situação de precarização do trabalho, que atravessa o setor há anos, com contratos precários, salários abaixo dos acordados, sem direito a férias, nem subsídios.
“Na cidade de Buenos Aires houve 1 mil demissões, uma média de seis por dia”, disse Fernando “Tato” Dondero, secretário-geral do Sipreba. Isso implica, segundo o dirigente, um terço do grêmio sindical de imprensa da capital argentina. Mesmo assim, ele enfatizou que isso ocorre em um cenário de “mais de 2 mil demissões” em nível nacional.
Apesar do complexo cenário para os sindicatos de imprensa, a histórica jornada unitária pareceu dar esperança aos que estiveram presentes em frente ao edifício do Ministério. “Hoje fizemos história, nos reconhecemos trabalhadores, classe trabalhadora”, apontou Roberto Zorrilla, secretário-geral da FATPREN.
Zorrilla recordou que este encontro e mobilização conjunta foi o resultado de um trabalho que foi gestado durante muito tempo e graças ao impulso das bases. “Não seríamos nada como dirigentes sem vocês”, afirmou e concluiu dizendo: “Nem um passo atrás, companheiros”.
Percurso
Por volta das 14h, as colunas de manifestantes se preparavam no Obelisco para marchar pela avenida Corrientes. Pela primeira vez em décadas, os sindicatos que reúnem jornalistas e trabalhadores de imprensa entraram em acordo para uma ação conjunta; assim foi possível ver as bandeiras do Sindicato de Imprensa de Rosário, a Associação de Imprensa de Tucumán, o Sindicato de Imprensa de Mendoza, além dos já citados.
Nucleadas no Sipreba, várias comissões internas levaram suas próprias bandeiras. Estava a cooperativa do jornal Tiempo Argentino, os trabalhadores da Agência Télam – veículo público nacional –, de Infobae e da Página/12.
Também estavam presentes jornalistas reconhecidos do país como Silvia Martínez Cassina, que recentemente cobrou muita visibilidade pública por ameaças que sofreu por parte do Grupo Clarín – principal grupo empresarial do país. E Alejandro Bercovich, economista que acompanha, todas as noites, a Gustavo Silvestre no programa Minuto Uno pelo canal C5N.
Durante o percurso, os trabalhadores de imprensa decidiram virar na rua Maioú para passar em frente a Rádio Nacional, um dos meios públicos que o atual governo do presidente Mauricio Macri demitiu grande quantidade de jornalistas.
Após quase uma hora de percurso, a mobilização se encontrou nas portas do Ministério do Trabalho, onde um cenário de conflito os esperava. Enquanto os bumbos e os fogos de artifício soavam sobre a avenida Leandro Alem, se via também a presença dos trabalhadores e trabalhadoras de meios alternativos, comunitários e populares, como Notas Periodismo Popular e a Barricada TV, entre outros.
O dia 8 de junho – ou 8J, como passou a ser chamado pelos jornalistas – ficou marcado como uma data histórica. O futuro do grêmio de imprensa em nível nacional depende agora do nível de organização que alcance casa sindicato local, mas também os pontos de acordo que possam ir conquistando com o horizonte, sempre presente, de um sindicato único que reúna aos trabalhadores e às trabalhadoras de imprensa de todo o país.
Edição: ---