Lançamento

Livro denuncia papel da mídia na violência policial contra camponeses no Paraguai

“Carnificina para um golpe” também fala sobre a influência de políticos e multinacionais naquele cenário de violência

São Paulo (SP) |
O livro relata como os políticos paraguaios, as grandes multinacionais e a grande mídia conduzem violações de direitos dos camponeses
O livro relata como os políticos paraguaios, as grandes multinacionais e a grande mídia conduzem violações de direitos dos camponeses - Divulgação

Para denunciar as contradições de um país onde quase metade da população é camponesa e grandes parcelas de seu território estão nas mãos de latifundiários e multinacionais, o jornalista Leonardo Severo lança, nesta quinta-feira (09), o livro Curuguaty – carnificina para um golpe (Editora Papiro, 212 páginas, R$ 25), que relata como os políticos paraguaios, as grandes multinacionais e a grande mídia conduzem violações de direitos dos trabalhadores rurais.

As reportagens que compõem o livro têm como um dos principais temas as terras paraguaias de Marina Kue, Curuguaty, onde, no dia 15 de junho de 2012, foram mortas 17 pessoas (seis policiais e 11 camponeses). O “confronto” envolveu 324 policiais e um helicóptero da polícia e, do outro lado, 60 trabalhadores e trabalhadoras sem-terra, incluindo as crianças e os idosos.

O ataque das forças policiais foi tratado pela mídia como uma “emboscada” orquestrada pelos camponeses, que foram taxados de “terroristas” na voz da grande imprensa.

Com tom de ironia, Severo revela as contradições do Judiciário do Paraguai, que modificou os documentos e os depoimentos de testemunhas em vários casos de ataques a camponeses sem-terra nos últimos anos.

Marina Kue

A terra passa por impasses judiciais entre a família de latifundiários Riquelme e os camponeses, que reivindicam o local como terra pública que deveria ser dedicada à reforma agrária.

A tragédia ocorrida na Marina Kue teve início quando forças policiais tentaram desalojar o grupo. O episódio também foi uma das causas que desencadeou o processo de destituição do então presidente Fernando Lugo.

Um ano após o massacre, 14 campesinos foram presos acusados de associação criminosa, invasão de propriedade e homicídio doloso. As sentenças chegam a até 25 anos de prisão em regime fechado, entre eles dois menores de 18 anos. Segundo o jornalista, os rapazes estão detidos desde então sem provas consistentes que possam incriminá-los pela morte dos policiais.

No livro, Leonardo Severo aponta a sintonia entre o capital estrangeiro, os cartéis e a política do Paraguai, que há quatro anos impediu o mandato do presidente Lugo.

“Afinal, mais do que expor as entranhas de um sistema corrupto –e falido – são fatos que empesteiam o ar com o odor da injustiça, reforçando a necessidade de mais ampla solidariedade para enterrá-la de uma vez por todas”, afirma o jornalista em seu livro.

SERVIÇO

O que: Lançamento “Curuguaty – carnificina para um golpe”
Quando: Dia 9 de junho (quinta-feira), das 18h30 às 21h30
Onde: Livraria Martins Fontes – Avenida Paulista, 509 (Próximo ao Metrô Brigadeiro)

Edição: ---