A Federação Única dos Petroleiros (FUP) vai paralisar todas as suas atividades pelo período de 24 horas nesta sexta-feira (10), em ação contra a nomeação de Pedro Parente como novo presidente da Petrobras, contra a possibilidades de venda de ativos da estatal e pela defesa do pré-sal.
A greve faz parte da mobilização nacional que as Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo realizarão contra o presidente interino Michel Temer no mesmo dia.
"As representações sindicais petroleiras reunidas, nesta segunda-feira, 30, no Conselho Deliberativo da FUP, alertaram para o risco iminente de perda de direitos e para o grave retrocesso que a categoria já vive e que serão intensificados com as intenções de privatização da Petrobrás e de entrega do pré-sal, reveladas por Michel Temer", diz nota da FUP.
O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, assumiu o cargo no último dia 31 de maio sob polêmicas e protestos. Parente é réu desde 2001 em ação movida por petroleiros devido uma operação na qual a Petrobras trocou ativos desvalorizados da Repsol-YPF na Argentina por ativos brasileiros valorizados, causando um prejuízo de R$ 790 milhões, oficialmente registrado no balanço da empresa de 2001.
Além disso, Parente já sinalizou uma revisão da Lei de Partilha, com a substituição da obrigatoriedade da Petrobras de participar com pelo menos 30% dos investimentos em cada campo de exploração do pré-sal pelo direito de preferência, de acordo com a avaliação de onde é melhor fazer parte do negócio. A medida é considerada um retrocesso para empresa pelos petroleiros.
"É um absurdo a nomeação de Pedro Parente. Ele como presidente atual e ilegítimo - porque ele foi indicado por um governo golpista -, em uma das suas primeiras falas, já disse que precisa mudar a Lei da Partilha. Com isso, a única empresa do mundo que vai abrir mão de no mínimo 60 bilhões de barris em reserva de petróleo é a Petrobras. Todas as grande operadoras no resto do mundo estão atrás de reservas", diz o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel.
Para o petroleiro, a estatal precisa de um presidente que proponha "soluções criativas" para que a empresa supere as dificuldades sem perder sua autonomia, já que a crise seria mundial.
"Todas as operadoras de petróleo estão passando pela mesma situação. Isso tudo por conta, principalmente, da queda vertiginosa que teve o barril de petróleo nos últimos anos. Ele caiu de US$ 140 para US$ 40. Isso dá um baque muito grande nas contas das empresas", lembra o petroleiro.
Segundo Rangel, a Federação está trabalhando em "total sintonia com a Frente Brasil Popular e com a Frente Povo Sem Medo em defesa da democracia em nosso país". Para ele, uma categoria que "sempre esteve à frente das principais lutas no Brasil" não poderia ficar de fora das mobilizações do próximo dia 10.
"Um dos eixos centrais do golpe que está sendo dado no nosso país é a disputa pelo pré-sal brasileiro, que diz respeito diretamente à Petrobras e aos petroleiros. Então, nós chamamos a reflexão da categoria para que neste dia a gente também realize paralisações em todas as atividades da Petrobras, demonstrando nosso descontentamento com a atual administração da empresa", afirma.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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