MARIANA

Trabalho, teto e território são temas debatidos no 2º dia do encontro com o Papa

Ato em Paracatu de Baixo encerrará evento, neste sábado (4)

Mariana (MG) |
300 pessoas participam das atividades
300 pessoas participam das atividades - Lidyane Ponciano / CUT-Minas

Cerca de 300 participantes do “Encontro Brasileiro dos Movimentos Populares em Diálogo com o Papa Francisco” – que acontece em Mariana desde quinta (2) – debateram, na sexta (3), temas relacionados a trabalho, moradia e território. Os retrocessos nos direitos trabalhistas e nas políticas sociais promovidos pelo governo ilegítimo de Michel Temer, além das ameaças sobre as comunidades tradicionais e indígenas foram o ponto chave das discussões.

Golpe contra os trabalhadores

Beatriz Cerqueira, presidenta da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT), chamou atenção para os retrocessos iminentes que o governo provisório quer impor à classe trabalhadora. “Hoje, 12 milhões de trabalhadores são terceirizados. A proposta desse governo é que a terceirização seja a regra”, afirma. “Também está em jogo a política de valorização do salário mínimo, o fim do limite mínimo de investimento e educação, privatização do SUS e uma política de desenvolvimento centrada na logística privada”, completou.

Para Frederico Melo, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a situação da classe trabalhadora deve ser analisada de um ponto de vista amplo, uma vez que o sistema capitalista depende de uma profunda desigualdade entre as pessoas. “A desigualdade é estrutural do capitalismo, no entanto os seres humanos conseguem se organizar e combater todas as explorações”, instigou o técnico.

Povos indígenas resistem

“A gente está calejado na luta”, protestou Durkwa Xakriabá em referência à resistência dos povos indígenas ao avanço do modelo de desenvolvimento imposto no Brasil, por exemplo, o agronegócio e a mineração, que afeta diretamente as comunidades.

“A guerra mais trágica, mais sanguinária, não está nos livros, na internet, em lugar nenhum. Está na memória do nosso povo”, esclareceu Geovane Krenak da tribo Krenak, que foi atingida diretamente pela lama proveniente da barragem da Samarco, que rompeu em novembro do ano passado.

“A lama acabou com o território e com a espiritualidade do povo Krenak. Eu fiquei triste, mas não vou deixar ninguém pisar nos meus parentes”, afirmou Durkwa, em solidariedade ao povo Krenak.

Teto para todos

O tema da moradia foi debatido sob a perspectiva urbanística. Ermínia Maricato, professora de arquitetura da Universidade de São Paulo (USP) explica que o teto é um direito previsto na Constituição Brasileira, mas que, infelizmente, não é garantido à toda população.

A professora explica que as classes mais altas são privilegiadas com a especulação imobiliária, enquanto as mais baixas ocupam, principalmente nas grandes cidades, as periferias e bairros distantes da região central.

“Do ponto de vista urbano, está tudo ao contrário. Daria pra contar nos dedos o que foi investido em mobilidade de massa, que essa sim é prioridade. Se abre avenidas para carros, onde o capital imobiliário quer avançar. As empreiteiras e o mercado imobiliário mandam, dominam”, enfatizou Ermínia.

Programação

O encontro será encerrado neste sábado (4) com um ato político em Paracatu de Baixo, distrito de Mariana, destruído pelo rompimento da barragem da Samarco/Vale/BHP. O compromisso firmado pelo pelos participantes é que esse crime não será esquecido.

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