O Ministério das Cidades recuou da decisão de revogar os contratos do Minha Casa Minha Vida Entidades (MCMV Entidades), assinado pela presidenta Dilma Roussef na véspera de seu afastamento. Os contratos autorizavam a construção de 11.250 novas unidades do programa.
A decisão do governo interino foi divulgada após a mobilização do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) na tarde da última quarta-feira (1º), quando manifestantes ocuparam o escritório da Presidência da República em São Paulo, na Avenida Paulista, para reivindicar que os contratos fossem mantidos.
Em nota, o Ministério disse que a decisão já havia sido tomada na última sexta-feira (27), mas ainda havia sido publicada pelo governo interino. O MCMV Entidades atende à faixa 1 do programa, destinada a pessoas com renda até R$ 1.800, e é gerida por movimentos sociais e associações ligadas à moradia. A construção também não depende de grandes empreiteiras, já que as obras são realizadas em mutirões, com o auxílio dos próprios moradores.
Pressão
“Nossa mobilização foi muito importante”, afirma Natália Szermeta, coordenadora do MTST. Segundo Natália, “a luta do Movimento ontem mostrou que é possível fazer com que as decisões desse governo golpista sejam revogadas. Demonstramos que a resistência deve continuar e vamos seguir tomando as ruas para lutar contra as outras políticas entreguistas desse governo”, conta.
O ato do MTST nesta quarta-feira foi duramente reprimido pela Polícia Militar, que prendeu cinco pessoas do movimento e atirou bombas de efeito moral em direção aos manifestantes. O motivo, segundo o comandante da operação, foi o estouro de um rojão (para o alto), prática usual durante as manifestações encabeçadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.
A coordenadora do movimento aponta que esse “é um governo frágil que pensa, de um lado, em dar canetadas e tirar direitos e de outro, reprimir com a criminalização da resistência dos movimentos sociais. Mas nós não seremos intimados”, completa Natália.
Na manhã desta quinta-feira (2), o MTST desmontou o acampamento na calçada em frente ao escritório da Presidência e o desocupou o saguão de entrada do prédio.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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