Estados Unidos

Ex-procurador-geral diz que Snowden realizou 'serviço público' ao vazar documentos

Eric Holder, primeiro procurador-geral norte-americano negro também afirmou que Snowden 'deve ser punido'

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 Eric Holder ocupou o cargo de procurador-geral dos EUA entre 2009 e 2015
Eric Holder ocupou o cargo de procurador-geral dos EUA entre 2009 e 2015 - Ryan J Reilly/FlickrCC

O ex-procurador-geral dos EUA Eric Holder — que ocupou o cargo de 2009 a 2015 — afirmou nesta segunda-feira (30) que Edward Snowden, ex-agente da Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês), realizou um “serviço público” ao vazar dados confidenciais do órgão em 2013, pois deu início a um debate sobre os métodos de vigilância e espionagem maciça do governo norte-americano.

“Nós podemos certamente discutir a forma como Snowden fez o que ele fez, mas acho que, na verdade, ele realizou um serviço público ao levantar o debate no qual acabamos nos envolvendo e devido às mudanças que foram feitas [após o vazamento]”, disse Holder a David Axelrod, analista político do Instituto de Política da Universidade de Chicago, durante uma entrevista transmitida em um podcast.

Holder ressaltou, entretanto, que Snowden deve ser punido por ter colocado em risco a segurança nacional dos EUA. “Eu diria que fazer o que ele fez — e da maneira como ele fez — foi inapropriado e ilegal (...). Ele prejudicou os interesses norte-americanos. Eu sei de certos agentes que foram colocados em risco, relações com outros países foram prejudicadas, nossa habilidade de manter o povo norte-americano em segurança foi comprometida. (...) O que ele fez não foi sem consequências”, disse Holder.

O advogado, primeiro procurador-geral negro dos EUA e indicado para o cargo pelo presidente norte-americano, Barack Obama, também acredita que Snowden, atualmente em exílio na Rússia, deveria voltar para o país e enfrentar um julgamento.

“Eu acho que ele tem que tomar uma decisão. Ele descumpriu com a lei no meu ponto de vista. Ele precisa conseguir advogados, voltar e decidir, ver o que ele quer fazer: ir a julgamento e tentar conseguir um acordo. Eu acho que deve haver uma consequência para o que ele fez”, afirmou Holder que, contudo, argumentou que, para decidir uma sentença adequada para o ex-agente, o juiz deveria levar em conta a “utilidade do debate nacional” que as ações de Snowden provocaram.

Em janeiro de 2014, Holder já havia dito, durante um evento na Universidade de Virginia quando ele ainda era procurador-geral, que o governo dos EUA estaria disposto a fazer um acordo caso Snowden retornasse ao país.

 Snowden virou referência mundial na luta contra vigilância massiva |  Andy Halsall/FlickrCCO ex-agente da NSA, por sua vez, disse no início deste mês em videoconferência com o Instituto de Política da Universidade de Chicago que estaria disposto a retornar se recebesse um julgamento justo.

Snowden ironizou as declarações de Holder desta segunda-feira em sua conta do Twitter. “2013: é traição; 2014: talvez não [tenha sido], mas foi inconsequente; 2015: tecnicamente, ainda foi ilegal; 2016: foi um serviço público, mas…; 2017:...”, escreveu ele na rede social.

Em junho de 2013, Edward Snowden vazou para diversos veículos da imprensa mundial documentos que mostravam ações indiscriminadas de vigilância da NSA sobre cidadãos norte-americanos. Na época, Eric Holder comandava o Departamento de Justiça do país.

 

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