A Unasul (União de Nações Sul-Americanas) afirmou no sábado (29) que existe “vontade de diálogo” entre o governo da Venezuela e a oposição do país, após encontros realizados com representantes das duas partes na República Dominicana.
Segundo um comunicado da entidade, o ex-presidente do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero e os ex-mandatários da República Dominicana e Panamá, Leonel Fernández e Martín Torrijos, participaram de reuniões separadas nos últimos dias com representantes do governo de Nicolás Maduro e partidos de oposição que formam a Mesa de Unidade Democrática.
De acordo com a secretaria-geral da Unasul, que participou dos encontros, “os ex-presidentes constataram que existe uma vontade de diálogo de ambas as partes, pelo qual foi proposto continuar explorando novos contatos em datas próximas com o objetivo de acordar uma agenda, que cumpra com os requerimentos de cada uma das partes e um método para o diálogo nacional”.
Zapatero, Fernández e Torrijos foram convidados pela Unasul para mediar as negociações entre o governo e os setores de oposição da Venezuela, que enfrenta uma crise econômica e política.
Na nota, a Unasul também reafirma sua convicção de que o “melhor caminho" para a Venezuela é a "convivência democrática entre todos os venezuelanos.”
“São eles e somente eles que têm o dever e a possibilidade de levar adiante a Venezuela”, aponta o texto.
O governo de Nicolás Maduro foi representado nos encontros pelo deputado Elías Jaua, pelo prefeito de Caracas, Jorge Rodríguez, e pela chanceler Delcy Rodríguez, enquanto pela oposição assistiram representantes da Ação Democrática, Vontade Popular, Primeiro Justiça e Um Novo Tempo.
Em sua conta de Twitter, a chanceler Delcy Rodríguez disse que a iniciativa de Maduro “promove a paz, o respeito ao Estado de Direito e a defesa da soberania e integridade territorial”.
Ela declarou também o mandatário ratifica seu propósito “indeclinável” de garantir “paz, bem-estar e defesa irrenunciável da soberania”.
A Mesa de Unidade Democrática divulgou um comunicado em que afirma que "a reunião acontece em contexto altamente favorável para a luta do povo venezuelano por liberdade e democracia". O texto cita acontecimentos desta semana como a declaração do secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, que respalda a mediação de Zapatero para a crise na Venezuela e a visita do secretário da Unasul, Ernesto Samper, ao Papa Francisco.
De acordo com a nota, os fatos revelam “vontade política da comunidade internacional em respaldar a solução pacífica, eleitoral e política para a crise venezuelana” que, segundo a oposição, deve ocorrer por meio do referendo revogatório de Nicolás Maduro.
Em 2 de maio, a oposição ao governo apresentou ao CNE (Conselho Nacional Eleitoral) as assinaturas para que se inicie o processo de convocar um referendo revogatório do mandato do presidente. Segundo a oposição, foram reunidas 1,85 milhão de firmas, cerca de nove vezes acima do número necessário.
Entretanto, o prefeito de Caracas e coordenador da Comissão de Verificação de Assinaturas Jorge Rodríguez, afirmou que há assinaturas falsas entre as coletadas pela oposição. Rodríguez faz parte do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), de Maduro, que o indicou para a Comissão.
Ele diz que há na lista assinaturas de pessoas que já morreram, que não têm registro eleitoral e casos em que não constam as impressões digitais ao lado das firmas.
De acordo com a Constituição venezuelana, caso ocorra um referendo a partir de janeiro de 2017 e com resultado favorável à saída de Maduro, quem assume é o atual vice-presidente, Aristóbulo Istúriz (PSUV), sem que sejam convocadas novas eleições presidenciais. Por essa razão, a oposição tem interesse em acelerar o processo.
Edição: ---