Madeira leve, canivete ou faca amolada e criatividade são as ferramentas para fazer a xilogravura. Sua origem, possivelmente, vem da China no século VI. Na Idade Média, era usada para fazer iluminuras e cartas de baralho. A chegada ao Nordeste brasileiro acontece no período da colonização, quando os padres jesuítas usaram-na na catequização dos índios. Hoje é usada principalmente na ilustração das capas dos folhetos de literatura de cordel e é uma forte expressão da cultura popular pernambucana.
Os sonhos e as dificuldades do povo sertanejo, elementos da cultura popular e das paisagens são talhadas pelas mãos habilidosas dos xilogravuristas. Entre os gravadores populares mais conhecidos estão Manoel Serafim, Inocêncio da Costa Nick, o Mestre Noza, Zé Caboclo, Enéias Tavares Santos e J. Borges. Mas muitos cordelistas aprenderam o ofício e também se destacam como Manoel Apolinário, Cirilo, Dila, Damásio Paulo Valderedo e José Costa Leite.
Espingarda do Cordel é poeta, cordelista e xilogravurista de Caruaru, agreste de Pernambuco. Aprendeu a fazer cordel na escola e foi se aperfeiçoando. Logo sentiu a necessidade de aprender a talhar a madeira para fazer a matriz de impressão das ilustrações dos seus folhetos. “Foi vendo Mestre Dila e Chico Matuto xilogravar que aprendi”, conta. Ele explica que os cordelistas viram a possibilidade de fazer ilustrações de forma mais rápida e homogênea com a xilogravura, pois era muito mais demorado fazer 50 desenhos à mão.
O filho do mestre Dila, Valdez Soares, também faz xilogravura, muito inspirado no trabalho do seu pai. "Papai sempre falou pra gente a dificuldade de viver da xilogravura, mas trabalhou com isso até quatro anos atrás. São 50 anos talhando imagens na madeira, nos quais o Mestre Dila inovou na forma de fazer", observa e ressalta a importância de manter a tradição. Atualmente, ele percorre escolas da cidade falando sobre mestre Dila e a xilogravura.
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