Áudios vazados demonstram que o Movimento Brasil Livre (MBL) obteve cooperação política e financeira de partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff (PT). O conteúdo das gravações apresenta conversas entre representantes do grupo com quatro legendas: PMDB, PSDB, Democratas e Solidariedade.
A ajuda teria vindo de diversas formas: desde a convocação e divulgação das manifestações até o pagamento da impressão de panfletos. As informações são do portal Uol.
Quando ganhou notoriedade, o MBL afirmava ser uma organização apartidária, cujo financiamento se daria apenas a partir de doações individuais e venda de produtos como camisetas. Hoje, se define como “suprapartidário” e alguns de seus integrantes serão candidatos nas eleições municipais deste ano por legendas de direita.
Apoio
O PMDB - legenda de Eduardo Cunha (RJ) e Michel Temer, agora presidente interino - teria pago a produção de material gráfico para o MBL.
Bruno Júlio, presidente da Juventude do PMDB, informou ao portal que obteve as gravações que pediu à Fundação Ulysses Guimarães, presidida por Moreira Franco, que bancasse 20 mil panfletos, nos quais estava presente a inscrição "Esse impeachment é meu".
Combate à corrupção?
Em outra gravação divulgada, Renan Antônio Ferreira dos Santos, um dos três membros da coordenação nacional do MBL, conversa com outro integrante do grupo afirmando que o Democratas, partido que atualmente compõe o ministério de Temer, e o Solidariedade, legenda fundada por Paulinho da Força, utilizariam suas “máquinas” partidárias para convocar e divulgar os atos pró-impeachment.
Nas manifestações que ocorreram na Avenida Paulista, o Solidariedade distribuiu adesivos com a marca e nome do partido.
Transporte e alimentação
Ygor Oliveira, secretário de Mobilização da Juventude do PSDB do Rio de Janeiro, aparece em áudio comentando uma "parceria com o MBL" para financiar uma manifestação que ocorreria no dia 11 de maio, em Brasília. Na data, ocorreu a votação do Senado que determinou o afastamento temporário de Dilma Rousseff.
No áudio, há menção ao custeio da alimentação e transporte dos manifestantes favoráveis ao impeachment. Renan Santos foi filiado ao partido entre 2010 e 2015.
Posição
A assessoria de Moreira Franco negou à reportagem do Uol o apoio financeiro dado ao MBL, que não confirma a negociação.
Renan Santos confirmou a autenticidade do áudio sobre o envolvimento com Solidariedade e Democratas, que também confirmam o vínculo. O último, porém, nega que ajuda financeira tenha sido dada ao MBL.
O secretário da Juventude do PSDB afirma que o apoio ao MBL não se concretizou. O movimento confirma a aproximação com os tucanos e tentativa de financiamento da manifestação.
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