O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse em conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que iria “negociar” com o Supremo Tribunal Federal o processo de “transição” da presidenta Dilma Rousseff (PT).
Machado e Renan são alvos de investigação na Operação Lava Jato. O primeiro também gravou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que havia sido empossado ministro do Planejamento no governo Michel Temer, mas com a divulgação da conversa deixou o cargo.
Em outro ponto, o presidente do senado cita uma conversa com a presidenta Dilma Rousseff, mencionando uma suposta reunião entre ela e o ministro Ricardo Lewadowski, presidente do Supremo, sobre a qual a petista teria reclamado da indisposição do Judiciário para o diálogo.
"'Renan, eu recebi aqui o Lewandowski, querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável'", citou Calheiros em referência à conversa com a presidenta.
Ao longo da conversa, o senador falou sobre contatos que teve com membros da Folha de São Paulo e da Rede Globo. Segundo o diálogo "Otavinho [Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha] reconheceu que tem exageros [na cobertura]" e João Roberto Marinho, presidente da Globo, disse que não podia "influir" na cobertura.
Delações
Renan, sem saber que era gravado, sugeriu que as delações não poderiam acontecer enquanto o delator está preso, o que, como ele cita, “é tortura”.
Questionado por Machado se há possibilidade do ex-senador Delcídio do Amaral (MS) citar o presidente da Casa, ele respondeu, “Deus me livre, Delcídio é o mais perigoso do mundo. O acordo [inaudível] era para ele gravar a gente, eu acho, fazer aquele negócio que o J Hawilla fez”, disse Renan.
PSDB
Durante a conversa, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi citado: “Aécio está com medo”, disse Renan, afirmando que o tucano pediu para que ele visse "esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa", disse Renan, fazendo referência a uma conversa com o ex-governador de Minas sobre a delação do petista.
Machado completou a frase citando o partido, "Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan".
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