Após a primeira votação do Senado Federal, que admitiu – por 55 votos favoráveis e 22 contrários – a instauração do julgamento do impeachment contra Dilma Rousseff (PT) e afastou a presidenta por até 180 dias, movimentos populares já organizam mobilizações contrárias à gestão interina de Michel Temer (PMDB). A decisão foi tomada na madrugada desta quinta-feira (12). O dia começa com ato de apoio à presidenta com concentração em frente ao Palácio do Planalto, às 9h, na capital federal, conforme convocação da Frente Brasil Popular.
As organizações que compõe a Frente Povo Sem Medo promovem um ato contra o peemedebista também nesta quinta-feira, na capital paulista. A concentração do protesto, chamado “Temer, jamais! Resistir nas ruas por direitos”, se inicia às 17h, no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, região central da cidade. Guilherme Boulos, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e integrante da frente, vem afirmando que os movimentos permanecerão em “mobilização permanente”.
O Levante Popular da Juventude, em conjunto com outras entidades que se articulam na Frente Brasil Popular, organiza manifestações – batizadas de “Cunha na cadeia e fora Temer” – em frente aos escritórios políticos do PMDB. Estão confirmadas manifestações nas sedes da legenda em 16 estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Pernambuco, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, São Paulo, Paraíba e Distrito Federal.
“São duas ideias centrais: a primeira, denunciar o golpe institucional, que acaba de passar mais uma fase, e exigir a saída de Temer: ele foi eleito para ser vice, não presidente. A segunda, pedir a prisão de Eduardo Cunha, cuja corrupção é comprovada”, explica Laryssa Sampaio, do Levante em São Paulo.
Durante a sessão de votação no Senado, parlamentares críticos ao impeachment também prometeram uma "oposição dura" a Temer. "Eu não tenho dúvida de que, para a história, isso será tratado como um golpe parlamentar contra a democracia brasileira. Estão dando esse golpe porque o programa deles jamais ganharia uma eleição. Não reconheceremos Temer, ele é o primeiro a assumir a Presidência como ficha suja e inelegível", afirmou Lindbergh Farias (PT-RJ), que comparou a situação de Dilma com a oposição sofrida por Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
Saída provisória
A notificação formal sobre a decisão dos senadores deve chegar à petista na manhã desta quinta-feira (12). O Planalto prepara uma cerimônia no gabinete presidencial, na qual Dilma receberá o ex-presidente Lula, os atuais ministros, autoridades públicas e personalidades que a apoiam para assinar o documento, que será entregue pelo primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, o parlamentar Vicentinho Alves (PR-TO).
Antes de deixar seu local de trabalho, Dilma fará uma declaração a jornalistas, agendada para as 10h. No mesmo horário, um vídeo gravado pela presidenta será divulgado nas redes sociais.
Em seguida, Dilma sairá pela porta principal do Palácio do Planalto do prédio, no térreo, mas sem usar a rampa. Fora do edifício, a presidenta fará um discurso. Neste momento, ela poderá se aproximar das grades que isolam o prédio para ser recepcionada aos manifestantes que forem ao local prestar apoio a ela.
A presidenta seguirá, de carro, até o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, que continuará a ser utilizado por Dilma durante os 180 dias em que deve ficar afastada.
Rito
Com a decisão tomada nesta madrugada, o processo volta à Comissão Processante do Impeachment na Casa, iniciando-se a fase de instrução do julgamento. A partir deste momento, os procedimentos serão presididos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro Ricardo Lewandowski deve se encontrar com o senador Raimundo Lira (PMDB-PB), responsável pela comissão. A reunião ocorrerá no gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por volta das 16h desta quinta-feira (12).
No decorrer dos trabalhos no Senado, qualquer questão de ordem ou dúvida que não seja suficientemente sanada por Lira, deverá ter recurso dirigido a Lewandowski. Também cabe ao ministro presidir a sessão final, no plenário do Senado, em que a presidenta será definitivamente julgada pelos senadores – a segunda votação –, na qual os parlamentares se posicionarão sobre a cassação de Dilma.
Com informações da Agência Brasil
Edição: Camila Maciel
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