Cerca de duas mil pessoas deram um abraço simbólico no Banco do Brasil, na Praça Tiradentes, e na Caixa Econômica, na Praça Carlos Gomes, na manhã desta terça-feira (10), no Centro de Curitiba. O ato foi realizado pelo Fórum de Lutas 29 de Abril, que organiza a Frente Brasil Popular no Paraná. A principal denúncia dos manifestantes é com relação ao risco de privatização dos bancos e empresas públicas, sinalizado no programa “Uma Ponte para o Futuro”, encampado pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB). Um dia antes da votação do processo de impeachment no Senado, a manifestação também pressiona contra o golpe institucional em curso no país.
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST de Curitiba, vindos de três ocupações localizadas na Cidade Industrial, cobraram o avanço das políticas públicas de habitação para a população mais empobrecida. A primeira parada do ato ocorreu na esquina da Rua Cândido de Leão e da Av. Marechal Floriano Peixoto, e simbolizou o avanço e os desafios na luta por moradia. De um lado, o Banco do Brasil, representando o financiamento público para a construção de novas moradias. De outro, um imenso prédio vazio, simbolizando os inúmeros imóveis desocupados no Centro da cidade.
Sylvia Malatesta, coordenadora do MTST, reforça o papel estratégico da Caixa Econômica como fonte de financiamento do programa federal “Minha Casa, Minha Vida – Entidades”. “É o único programa que garante subsídio para a população mais carente, que mais precisa de moradia. Por isso a gente avalia que esses dois bancos públicos têm que ser fortalecidos, e não esvaziados”.
Prejuízos aos trabalhadores
Para além dos prejuízos sociais e do retrocesso para o desenvolvimento do país, Elias Hennemann Jordão, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, garante que a possível privatização dos bancos públicos resultaria em precarização dos trabalhadores do setor. “Nós também seremos diretamente atacados enquanto categoria, pois, com a consumação do golpe, vem um grupo privatista e entreguista, que já conhecemos de longa data. Quem vai pagar o pato por essas medidas privatistas são os próprios trabalhadores”, defende.
Jordão relembra a avalanche de privatização do período FHC (PSDB), que privatizou a mineradora Vale do Rio Doce e outras empresas públicas. “Não podemos deixar que isso se repita”, afirma.
Gerson Castellano, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Petroquímica do Paraná – Sindiquímica, avalia que as empresas públicas serão a “bola da vez”, caso Temer e seu projeto liberal assumam o governo. Castellano frisa o risco iminente de privatização da Petrobrás, já em andamento por meio de políticas de desinvestimento, pela ofensiva internacional e pela quebra do Regime de Partilha.
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