O receituário neoliberal adotado na Argentina, desde que Mauricio Macri assumiu a presidência em dezembro, é semelhante ao que pode vir a ocorrer no Brasil caso o vice-presidente, Michel Temer, ocupe a Presidência se o impeachment for admitido pelo Senado. No país vizinho, medidas apontam para a diminuição da intervenção do Estado na economia, liberalização de preços, represamento de salários, mais liberdade para o fluxo de capitais e maior alinhamento com o sistema financeiro internacional.
No primeiro trimestre do ano a inflação passou de 12%. "Contam com as demissões e o efeito da inflação sobre os salários para reduzir a demanda e segurar o processo inflacionário a partir daí. Esse é um efeito desejado pelas novas autoridades econômicas", afirma o economista do Dieese Adhemar Mineiro, assessor da Rede Brasileira para Integração dos Povos (Rebrip), em entrevista a Isaías Dalle, no Portal da CUT.
No Brasil, as propostas neoliberais, defendidas nos documentos Ponte para o Futuro e A Travessia Social, representam o plano de governo de Temer e do PMDB. Macri, porém, antes de adotá-las, venceu um processo eleitoral e debateu as medidas com a sociedade. Mesmo assim, tem enfrentado resistência organizada crescente, por causa do desemprego, da inflação ascendente e da quebra de políticas públicas.
Na sexta, 29 de abril, teve início uma batalha nas ruas contra as medidas de Macri. As centrais sindicais, unidas, reuniram mais de 350 mil manifestantes em Buenos Aires para protestar contra o arrocho.
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