O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) determinou ponto facultativo para os funcionários da Alesp nesta quarta-feira (4). A Casa foi ocupada por estudantes na terça-feira (3). Fernando Capez (PSDB) afirmou que adotará uma estratégia de “cansar” os alunos – impedindo a volta daqueles que saem do local -, apesar de já preparar o pedido de reintegração de posse do local.
O plenário foi ocupado por secundaristas que reivindicam a instalação imediata da CPI da Merenda, que investigaria o desvio de verba e formação de cartel de empresas que fornecem alimentos para escolas do estado de São Paulo.
Reintegração
Em entrevista coletiva, Fernando Capez afirmou que vencerá os alunos pelo cansaço. Os estudantes que deixaram o plenário, segundo ele, não voltarão. A entrada de alimentos, que havia sido impedida pela manhã, foi liberada por volta das 12h30.
O presidente determinou a reintegração de posse da Alesp, para "que o espaço ocupado não impeça o funcionamento da casa". "Estamos praticando uma estratégia de saturação e não de confronto", disse Capez.
"Vamos isolar para evitar o rodízio de estudantes. Os que saírem não voltam e vamos tomar providências para que isso não aconteça mais", declarou o presidente da Assembleia Legislativa.
Capez disse confiar na Tropa de Choque da Polícia Militar e afirmou que "não acredita em qualquer tipo de violência dessa polícia, que é exemplar". Na última segunda-feira, a tropa de choque invadiu ilegalmente - de acordo com o Tribunal de Justiça - o Centro Paula Souza, onde permaneceu durante todo o expediente dos funcionários da unidade, ocupada por alunos secundaristas desde a última quinta-feira.
O diretor da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, Daniel Cruz, disse que a ocupação, desde o seu início, é pacífica, e sem qualquer ato de vandalismo, "para não ter motivos de descriminalizar o movimento".
Deputados de oposição ao governo estadual, disseram que entrarão com um pedido para barrar a reintegração de posse, pela presença de menores de idade e o risco que a presença da força policial pode gerar a tais estudantes.
CPI da Merenda
"Estamos ocupando com uma pauta muito clara, para que seja instalada a CPI da Merenda, porque até agora nada foi feito e as criadas nas escolas continuam sem merenda", explicou Daniel Cruz.
Capez é um dos citados na operação Alba Branca da Polícia Civil, que investiga desvio de verba das merendas em São Paulo. Além dele, outros dois deputados e secretários do governo Alckmin são investigado por recebimento de propina ligada ao escândalo.
Segundo Capez, "testemunhas que imputaram a mim responsabilidade foram testemunhas de ouvir dizer". No entanto, dirigentes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), uma das envolvidas na investigação, em conversas interceptadas pela Polícia Civil, disseram ter entregado propinas à campanha de 2014 do deputado estadual Fernando Capez.
Até o momento, apenas 25 deputados assinaram o pedido de abertura da CPI na Assembleia Legialativa, que precisa de ao menos 32 assinaturas. Um deles, o deputado Padre Afonso Lobato (PV-SP), assinou a lista após a ocupação da Alesp pelos estudantes. Nenhum dos 21 deputados do PSDB, partido do presidente da Assembleia, assinaram a lista.
Ocupação da Alesp
Os estudante secundaristas ocuparam o plenário da Assembleia na tarde da última terça-feira. Houve princípio de confusão com a PM, mas deputados da oposição evitaram que polícia interviesse na ocupação.
Alguns estudantes dizem terem sido agredidos por deputados governistas.
Cerca de 100 estudantes permanecem no plenário. Em carta, os estudantes afirma que estiveram por diversas vezes na Assembleia para pedir a abertura da CPI, mas os deputados não se mobilizaram.
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